Alfredo Cristiano Keil nasceu em Lisboa, em 3 de Julho de 1850 e morreu em Hamburgo, a 4 de Outubro de 1907. Foi um compositor de música, pintor, poeta, arqueólogo e colecionador de arte português.
Era filho de João Cristiano Keil e de Maria Josefina Stellflug, ambos de origem alemã e radicados em Portugal.
A sua educação básica deu-se igualmente na Alemanha, berço do romantismo. Esta foi, talvez, uma das razões pelas quais o artista seguia a reboque das novas tendências, já estabelecidas na Europa.
Estudou desenho e música em Nuremberga, numa academia dirigida pelo pintor Kaulbach e von Kreling. Em 1870, devido à guerra Franco-Prussiana, regressa a Portugal. Em 1890, o ultimato inglês a Portugal ofereceu a Alfredo Keil a inspiração para a composição do canto patriótico "A Portuguesa", com versos de Henrique Lopes de Mendonça. A cantiga tornou-se popular em todo o país e seria mais tarde feita hino nacional de Portugal - A Portuguesa aprovada em 1911, após a proclamação da República no ano anterior. Ironicamente, ele tinha morrido exatamente três anos antes do primeiro dia da Revolução.
Pintor do Romantismo, numa época em que a arte mundial ia em direcção do realismo. Músico e compositor lírico, escritor e poeta, Keil não era um pintor de tempo integral, embora também não fosse um artista de fins-de-semana, pois pintava regularmente e deixou centenas de quadros com impressão fina e delicada, de excelente qualidade.
Era um pintor de paisagens, mas também de interiores requintados, como o quadro Leitura de uma Carta, trazido a público em 1874 e recebido com entusiasmo, tanto pela aristocracia ainda dominante, como pelos burgueses endinheirados, a quem a arte singela do romantismo sensibilizava mais fortemente.
O seu trabalho encontrou e conquistou um apreciável segmento do mercado. Em 1890, realizou uma exposição individual em Lisboa, bastante concorrida, na qual expôs cerca de trezentos quadros. Foi a consagração no seu país, após o reconhecimento que lhe fora dado por outros países.
Em 1878, inscreveu-se na Exposição Internacional de Paris; em 1879, esteve no Brasil, expondo no Salão Nacional de Bellas-Artes, onde conquistou medalha de ouro; em 1886, participou da Exposição de Madrid, recebendo a Condecoração da Ordem de Carlos III de Espanha.
Em Portugal, sua presença como pintor foi ofuscada pelo brilhantismo com que se destacou na música e na poesia. Foi na música, sobretudo, que ele obteve seu maior sucesso, tendo composto o hino pátrio "A Portuguesa". Todavia, a sua composição mais conhecida foi a Marcha Fúnebre. E, entre os livros que publicou, destaca-se Tojos e Rosmaninhos (poesias, 1908), obra tríplice inspirada nas lendas e tradições da freguesia de Paio Mendes, nomeadamente no sitio do Castelo de Paio Mendes, na casa onde passou vários anos da sua vida, pintando esta mesma em vários quadros. Reunia-se com a alta sociedade na famosa Estalagem dos Vales (uma espécie de Barbizon Portuguesa), Keil, José Campas, José Ferreira Chaves, Teixeira Lopes, Taborda (actor), António Saúde, Simões de Almeida, o próprio rei D.Carlos I e muitos outros artistas do final do século XIX frequentavam esta belíssima paragem.
Como compositor, ganhou destaque a sua ópera D. Branca (1883), Irene (1893) e a Serrana (1899), então considerada a melhor ópera portuguesa.
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