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CALENDÁRIO

Esta página pretende apenas ser um complemento da inicialmente criada para o Coro de Câmara de Beja, uma vez que a extensa lista de compositores tornava pouco prática a utilização daquela página.

sábado, 30 de janeiro de 2010

SHOSTAKOVITCH, DMITRI

Dmitri Shostakovitch (São Petersburgo, 25 de setembro de 1906 — Moscou, 1975) foi um compositor de música clássica russo, nascido na União Soviética. Embora tenha frequentemente trabalhado para o próprio governo soviético e seus líderes, como Josef Stalin, que o comissionaram por muitas vezes para escrever obras celebratórias, conseguiu criticar como poucos, utilizando-se apenas de sua música, a opressão stalinista e a atmosfera de terror que reinava na União Soviética. ExaCtamente por isso sofreu diversas tentativas de censura, e continuou lutando pela independência da criação artística até o fim de sua vida.

Aos nove anos começou a aprendizagem de piano com a sua mãe, intérprete profissional deste instrumento. Em 1919 ingressou no Conservatório de São Petersburgo (então Petrogrado), onde estuda piano com Leonid Nikolayev e composição com Maximilian Steinberg. Os estudos de piano prolongaram-se até 1923 e os de composição até 1925. Em 1926, a sua sinfonia nº1, peça de formatura da classe de composição, é bem recebida. Recebeu menção honorífica em piano no prestigioso Concurso Chopin de Varsóvia na edição de 1927. Escreveu trilhas sonoras para filmes e chegou a trabalhar no teatro com Meyerhold.

Recebeu várias distinções: em 1954, de Artista do Povo da URSS e de Membro Honorário da Real Academia Sueca de Composição; em 1956, a Medalha da Ordem de Lênin, além do Prêmio Lênin de Composição em 1958 e 1966, e no mesmo ano de 1958 o título de Doutor honoris causa pela Universidade de Oxford e pela Universidade de Dublin, em 1968. Em 1966 a medalha de ouro da Real Sociedade Filarmônica de Londres. Em 1948 viajou para os Estados Unidos como delegado soviético na Conferência Mundial da Paz e pôde observar o sucesso que as suas obras tinham no exterior, principalmente sua sinfonia nº 5.

A sua música costuma ser bastante envolvente, com forte uso de temas militares, comuns à época em que viveu (comunismo, Segunda Guerra Mundial, entre outros). Além disso, ao compor quinze sinfonias, foi um dos maiores sinfonistas do século XX. Também escreveu uma suíte para orquestra de jazz, dois concertos para piano e orquestra, concertos para violino e violoncelo e diversos quartetos de cordas, além de duas óperas e obras para piano solo.

Em finais da década de 1920 o clima cultural da União Soviética caracterizava-se por uma relativa liberdade. No campo musical, isso significava a possibilitade de conhecer as obras de músicos que, como Stravinsky ou Schönberg, estavam a realizar experiências muito importantes na linguagem musical. Por exemplo, Bartók e Hindemith conseguiram visitar a URSS e apresentar as suas próprias obras. Shostakovitch absorveu estas várias influências e integrou-as nas suas várias composições. Como resultado desta investigação na linguagem musical, compôs em 1928 a ópera "O Nariz", que motivou uma forte crítica por parte da Associação Proletária de Compositores Russos na qual esta obra era qualificada de burguesa.

Desta forma, os anos seguintes foram marcados pelo instável equilíbrio que Shostakovitch manteve entre as exigências da sua própria inspiração e as das autoridades culturais do seu país. Incapaz de obedecer completamente às prescrições do regime, o músico procurou integrar as sucessivas críticas provocadas pelas suas composições.

Em 1932 o jornal Pravda opinou sobre uma nova ópera, intitulada "Lady Macbeth do Distrito de Mzensk", as duas óperas criadas até aquela data, somadas à sua Sinfonia n. 4, foram censuradas e proibidas de serem apresentadas publicamente até 1937.

Durante a Segunda Guerra Mundial houve um abrandamento da censura e o compositor pode sentir uma brisa cultural na União Soviética. Após o fim da guerra as críticas foram retomadas e o compositor sofreu nova censura pela sua Sinfonia n. 8 "Stalingrado". As críticas levaram o compositor a restringir suas aparições públicas até a morte do ditador Josef Stalin em 1953.

OBRAS

Sinfonias
Sinfonia n. 1 em fá menor opus 10, composta em 1924-25, em 4 movimentos, duração aproximada 30 minutos. Obra de formatura da classe de composição.
Sinfonia n. 2 "Ao Outubro" em si maior opus 14, com coro. Composta em 1927, em único movimento, duração aproximada 20 minutos. Dedicada ao Décimo Aniversário da Revolução de Outubro. Assegurada pelo sucesso de sua obra de formatura, encomenda do ministério da Educação soviético, constitui o início de uma carreira marcada por sua ligação com o regime soviético.
Sinfonia n.º 3 em mi bemol maior, opus 20, "Ao Primeiro de Maio", composta em 1929, em 4 movimentos, com coro, duração aproximada 25 minutos.
Sinfonia n. 4 em dó menor opus 43, composta em 1935-36, em 3 movimentos, duração aproximada 60 minutos.
Sinfonia n. 5 em ré menor opus 47, composta em 1937, em 4 movimentos, duração aproximada 45 minutos. A mais executada em salas de Concerto, porta de entrada para a obra de Shostakovitch.
Sinfonia n. 6 em si menor opus 54, composta em 1939, em 3 movimentos, duração aproximada 30 minutos.
Sinfonia n. 7 "Leningrado" em dó maior opus 60, composta em 1941, em 4 movimentos, duração aproximada 75 minutos. Sua maior obra sinfônica, inicia o ciclo das obras patrióticas durante a Segunda Grande Guerra. Um quadro orquestral da resistência do povo da cidade de Leningrado (atual S.Petersburgo) ao cerco alemão.
Sinfonia n. 8 "Stalingrado" em dó menor opus 65, composta em 1943, em 5 movimentos, duração aproximada 60 minutos. Dedicada ao maestro Evgeni Mravinski, titular da Filarmônica de Leningrado, atual Filarmônica de S. Petersburgo. Homenagem às vítimas do cerco alemão sobre a cidade de Stalingrado (atual Volgograd).
Sinfonia n. 9 em mi bemol menor opus 70, composta em 1945, em 5 movimentos, duração aproximada 25 minutos. Esta obra sofreu censura do partido comunista pois foi composta contrariando a ideologia do realismo soviético, foi uma releitura da forma clássica das sinfonias.
Sinfonia n. 10 em mi menor opus 93, composta em 1953, em 4 movimentos, duração aproximada 50 minutos. O segundo movimento representa um retrato musical de Josef Stalin.
Sinfonia n. 11 "O Ano de 1905" em sol menor opus 103, composta em 1957, em 4 movimentos, duração aproximada 60 minutos. Homenagem às vítimas do Domingo Sangrento.
Sinfonia n. 12 "O Ano de 1917" em ré menor opus 112, composta em 1961, em 4 movimentos, duração aproximada 40 minutos.
Sinfonia n. 13 " Babi Yar" em si bemol menor opus 113, composta em 1962, em 4 movimentos, coro e baixo, duração aproximada 60 minutos, sobre poemas de Evgueni Evtouchenko. Em lembrança às vítimas do massacre de Babi Yar onde pereceram 30 000 judeus ucranianos, e uma crítica ao anti-semitismo ainda presente na rússia soviética.
Sinfonia n. 14 em si menor opus 135, composta em 1969, em 11 movimentos, orquestra de cordas, soprano, baixo e percussão, duração aproximada 45 minutos. Dedicada a Benjamin Britten. Baseada em poemas de Federico Garcia Lorca.

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=ogJFXqYEYd8

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

SEIXAS, JOSÉ ANTÓNIO CARLOS


José António Carlos de Seixas (Coimbra, 11 de Junho de 1704 — Lisboa, 25 de Agosto de 1742), compositor e organista portuês.

Filho de Francisco Vaz e de Marcelina Nunes, Carlos Seixas estudou com o pai e cedo o substituiu como organista da Sé de Coimbra, cargo de grande responsabilidade que exerceu durante dois anos. Aos 16 anos partiu para Lisboa, altura em que a corte portuguesa era das mais dispendiosas da Europa. Foi muito solicitado como professor de música de famílias nobres da corte, nomeado organista da Sé Patraical e da Capela Real (sendo o Mestre desta Domenico Scarlatti estabeleceram certamente colaborações proveitosas). Carlos Seixas gozava da fama de ser músico e professor excelente. Na capital impôs-se como organista, cravista e compositor. Com o seu trabalho sustentou a mulher e os cinco filhos e adquiriu algumas casas nas vizinhanças da Sé. Carlos Seixas era Mestre da Capela Real quando morreu.

No que diz respeito à composição, Carlos Seixas foi um dos maiores compositores portugueses para a música de tecla. Fez escola em Portugal criando um estilo seu (apesar da influência italiana e francesa que se constatam em algumas das suas obras) que foi imitado durante algum tempo após a sua morte.

A obra de Seixas é, em grande parte, resultado dos ambientes em que compôs.Como organista da Capela da Sé Patriarcal tinha a possibilidade de tocar, antes e depois da missa, um trecho a solo que poderia ser uma tocata ou uma sonata (ritual comum em todas as catedrais de prática católica). Para este efeito, havia uma preferência pelas peças de carácter vistoso e brilhante. Noutras partes da cerimónia, o organista podia ainda tocar em alturas que admitissem um solo instrumental. Desta forma, os compositores aproveitavam para dar a conhecer as suas composições ou improvisações. Por certo que as sonatas de Seixas foram tocadas na Igreja, pelo menos as de carácter religioso. Carlos Seixas acompanhava ao cravo os saraus de música nos paços reais ou no solar de algumas casas nobres. Nestes eventos tinha também a oportunidade de tocar como solista, aproveitando, provavelmente, para tocar as suas sonatas compostas com o objectivo de ser reconhecido como concertista e compositor.

Para além da Capela Real e da Corte, apenas se dedicava ao ensino de música. Esta faceta obrigava-o a ter material didáctico diversificado, variando de aluno para aluno, consoante o grau e as capacidades de cada um, dos cravos ou clavicórdios que possuíam. Apesar de fortemente sujeita a um vasto rol de condicionantes, a obra de Seixas não deixa de parte a qualidade e a originalidade do seu estilo pessoal.

Nunca se deixou levar pelos estilos importados em Portugal, nem deixou que a sua obra se confundisse com a dos seus contemporâneos estrangeiros. A presença do temperamento lusitano é uma constante das suas composições. A evolução da estrutura bipartida da sonata para tecla, para a estrutura tripartida está presente nas sonatas de Carlos Seixas, sendo uma antecipação da forma da sonata clássica.

Até agora não são conhecidos versos de Seixas. O mais provável é terem-se perdido uma vez que é pouco credível que Seixas tenha usado sempre versos alheios nas suas composições.

Da totalidade da sua obra, grande parte perdeu-se provavelmente no terramoto de Lisboa de 1755.
As criações de Carlos Seixas possuem elegância, leveza, suavidade, inspiração melódica. O seu fraseado é de carácter irregular e assimétrico e a sua linguagem harmónica é simples. As suas obras encontram-se na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, na Biblioteca Nacional de Lisboa e na Biblioteca da Ajuda.

OBRAS

Coral
Tantum ergo;
Ardebat vincentius;
Conceptio gloriosa;
Gloriosa virginis Mariae;
Hodie mobis caelorum;
Sicut cedrus;
Verbum caro;
Dythyrambus in honorem et laudem Div. Antonii Olissiponensis.

Instrumental
Abertura em Ré;
Concerto em Lá;
Sinfonia em Sib;
cerca de 100 sonatas próprias e cerca de 16 atribuídas.

As criações de Carlos Seixas possuem elegância, leveza, suavidade, inspiração melódica. O seu fraseado é de carácter irregular e assimétrico e a sua linguagem harmónica é simples. As suas obras encontram-se na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, na Biblioteca Nacional de Lisboa e na Biblioteca da Ajuda.

Para ouvir

http://www.youtube.com/watch?v=aOocxj4bEO4

SCRIABIN, ALEXANDER


Alexander Nikolayevich Scriabin (Moscovo, 6 de Janeiro de 1872 - 27 de Abril de 1915) foi um compositor e pianista russo As suas principais influências foram Chopin e Richard Wagner.

De acordo com o calendário juliano, Scriabin nasceu no dia de Natal de 1871 de uma família aristocrática. Quanto tinha apenas um ano, a sua mãe, pianista de concerto, morreu vítima de tuberculose. Scriabin é entregue aos cuidados da avó e da tia, depois do pai partir para a Turquia. Desde cedo começa os seus estudos musicais com Nikolay Zverev, na altura mestre de Sergei Rachmaninoff e de outros talentos.

Scriabin ingressa posteriormente no Conservatório de Moscovo, estudando com Anton Arensky, Sergei Taneyev e Vasily Ilyich Safonov, demonstrando na altura um assinalável talento como pianista. É, porém, nesta altura que Scriabin lesiona gravemente a sua mão direita ao sentir-se desafiado por Josef Lhevinne, colega de conservatório que posteriormente se tornará um grande pianista. É neste momento que Scriabin compõe a sua primeira grande obra, a sonata em Fá menor, num acto que definiu como «um grito a Deus e ao Destino».

Foi casado com Vera Ivanova Isakovich, embora tenha preferido a companhia de Tatiana Fyodorovna, com quem teve um filho que acabou por morrer aos 11 anos, também ele um prodígio e notavelmente talentoso em várias artes.

Scriabin interessava-se pelos trabalhos de Nietzsche e pela teosofia, claras influências no seu pensamento musical, revelando-se um especial admirador de filósofos como Delville e Hélène Blavatsky.

Scriabin foi grande amigo do Conde Lisounenko, que introduziu no mundo do misticismo. De onde surgiram as idéias de cores, luzes e do átomo que abalaria a Terra, talvez uma premonição da Bomba-Atômica, sendo estudiosos.

Algum tempo antes de morrer planeou um mega-projecto a que chamou “Misteria”, um trabalho multimédia a ser apresentado nos Himalaias que desencadearia o Armagedão, uma «grandiosa síntese religiosa de todas as artes que faria nascer um novo mundo».

A escrita de Scriabin terá as suas primeiras influências na música do romantismo tardio, especialmente no estilo de Chopin, sonoridade a que a sua primeira fase de composições se assemelha bastante. As formas que usa, aliás, são as mesmas: encontramos nocturnos, prelúdios, estudos e mazurkas. Posteriormente inspirado pelos impressionistas, pelo cromatismo de Liszt e Wagner, Scriabin foi personalizando e evoluindo o seu vocabulário musical, evolução que podemos seguir através das suas dez sonatas, das quais as últimas cinco dispensam já as armações de clave e revelam passagens claramente atonais. A harmonia convencional é substituída por sistemas de acordes construídos sobre intervalos invulgares (preferencialmente quartas) e a articulação é dissolvida, tomando muitas vezes uma forma de som em massa, em que os vários acontecimentos se cruzam e atropelam.

As suas composições mais célebres são duas obras orquestrais, o Poema do Êxtase (1908) e Prometeu (1910),peças em que pretendia suscitar no público uma espécie de êxtase místico, fortalecendo a interpretação com efeitos de iluminação nas salas de concertos. Em algumas obras, como Prometeu: Poema do Fogo (1913), utiliza jogos de cores, fazendo experiências com a sinestesia na relação de música e cores. Outros exemplos são o Poème divin (1905), Vers la flamme e o Poema do Êxtase (1908).

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=0kSSawB3-cQ&feature=PlayList&p=7D174DDA39B3342F&playnext=1&playnext_from=PL&index=28

SCHUMANN, ROBERT


Robert Alexander Schumann (8 de Junho de 1810, Zwickau, Alemanha - 29 de Julho de 1856, perto de Bonn, Alemanha) foi um músico e pianista alemão.

Como o seu pai era bibliotecário, Schumann, pode descobrir com facilidade a obra de Shakespeare, verdadeiro emblema para os jovens que se rebelavam contra a ortodoxia do Classicismo.Lendo também a obra mais actual de Lord Byron e também outros autores como Walter Scott e Jean Paul, escritor que Robert admirava ao ponto de em 1828, empreender uma peregrinação a Bayreuth para visitar o seu túmulo.

Em 1826, o seu pai faleceu, facto que Robert jamais superou por causa do enorme sofrimento da sua perda. Pouco depois viajou até Leipzig, a cidade de Johann Sebastian Bach, a fim de matricular-se na faculdade de Direito. Mais tarde em Heidelberg, retomou o estudo das leis, inscrevendo-se na cátedra de Justus Thibaut. Todavia, os verdadeiros ensinamentos deste grande filósofo começariam após o horário escolar, quando este se reunia com o aluno para lhe confessar que era a música a sua verdadeira paixão. O facto de ter conhecido a pianista Ignaz Moscheles e o fascínio por Niccoló Paganini acabaram por lhe determinar o destino.

Em 1830, em Leipzig passou a dedicar-se exclusivamente à música, com auxílio de seu professor Friedrich Wieck e Heinrich Dorn, mestre de capela da catedral daquela cidade. Enquanto este último lhe ensinou composição e harmonia, o primeiro transmitiu-lhe o amor pelo piano. Porém, em casa de Wieck, Schumann descobriu um outro importante foco de afecto: Clara, consumidora entusiasta de poesia e prometedora do piano. Robert apaixonou-se perdidamente por ela, sendo algumas das suas obras dedicadas a ela. Somente a activa oposição do velho Wieck conseguiu adiar o casamento até 1840. Tendo o sonho de se tornar um solista, viu-se incapacitado devido a seu interesse pela composição, actividade que apreciava bastante. A sua tendência era revolucionária na época, não gostava das - usando suas próprias palavras - áridas escolas do contraponto e da harmonia. Teve na análise das obras de Mozart, Schubert e Beethoven, dentre outros, a sua principal influência composicional.

Em conjunto com amigos e intelectuais da época fundou o Neue Zeitschrift für Musik (Nova Revista para a Música). Um jornal voltado para a música, em 1834. Nos dez anos em que esteve à frente deste, teve uma rica produção artística.

Por volta de 1835, apaixona-se por Clara de Wieck, filha de seu instrutor, que depois seria conhecida como Clara Schumann, famosa pianista e também compositora. Apesar de um atribulado romance, da depressão de Schumann e da oposição do pai de Clara, casaram-se em 1840.

Foi Director Musical na cidade de Düsseldorf - Alemanha em 1850. Foi forçado a renunciar o cargo em 1854, devido ao seu estado avançado de doença mental,(ele estaria escutando a nota lá em todos os lugares, o que o perturbou profundamente) causado por uma séria inflamação do ouvido, que o afligia desde pequeno, tendo tentado suicídio nesse ano. Acabou internando-se num asilo e veio a falecer em 29 de julho de 1856 no Asilo de Endenich, perto de Bonn, Alemanha.

OBRAS

Piano Solo

Tema no nome de "ABEGG" com Variações, Opus 1. (1830)
Papillons, Opus 2. (1829-1831)
Intermezzi, Opus 3. (1832)
Toccata em Dó maior, Opus 7. (1830)
Carnaval. Scènes mignonnes sur quatre notes, Opus 9. (1834-1835)
Davidsbündlertänze, Opus 6. (1837, revised 1850)
Fantasiestücke, Opus 12. (1847)
Fantasiestücke, Opus 111. (1851)
Etudes en forme de variations, Opus 13. (doze Estudos sinfônicos) (1834, rev. 1852)
Kinderszenen, Opus 15. (1838)
Kreisleriana. Fantasien, Opus 16. (1838, revised 1850)
Fantasia em Dó maior, Opus 17. (1836)
Arabesque em Dó maior, Opus 18. (1838-39)
Humoreske em Si bemol maior, Opus 20. (1839)
Novelletten, Opus 21. (1838)
Faschingsschwank aus Wien. Fantasiebilder, Opus 26. (1839)
Waldszenen, Op. 82. (1848-49)

Concertos
Concerto para Piano e Orquestra em Lá menor, Opus 54. (1841 e 1845)
Concerto para Violoncelo e Orquestra em Lá maior, Opus 129. (1850)
Fantasia para Violino e Orquestra em Dó maior, Opus 131. (1853)

Lieder
Liederkreis, Opus 24. (1840) text by Heine.
Myrthen, Opus 25. Song Cycle of 26 Nos. (1840) 
Liederkreis, Opus 39. (1840) text by Eichendorff.
Frauenliebe und Leben, Opus 42. Cycle (1840) text by Chamisso.
Dichterliebe, Opus 48. Song Cycle. (1840) text by Heine.

Orquestral
Sinfonia No.1 em Si bemol maior, Opus 38. "Primavera." (1841)
Sinfonia No.2 em Dó maior, Opus 61. (1845-1846)
Sinfonia No.3 em Mi bemol maior, Opus 97. "Rhenish." (1850)
Sinfonia No.4 em Ré menor, Opus 120. (1841, revised 1851)
Abertura para "Manfred" de Byron, Opus 115. (1848-1849)
Abertura para o Festival de Rheinweinlied, Opus 123. (1853)

Música de câmara
Três Quartetos de Cordas, Opus 41. (1842)
Quinteto para Piano em Mi bemol maior, Opus 44. (1842)
Quarteto para Piano em Mi bemol maior, Opus 47. (1842)
Fantasiestücke para Clarinete (ou Violino, ou Violoncelo) e Piano, Opus 73. (1849)
Drei Romanzen para Oboé e Piano, Opus 94. (1849)

Coral
Das Paradies und die Peri para Vozes solistas, Coro, e Orquestra, Opus 50. (1843)
Missa, Opus 147. (1852)
Requiem, Opus 148. (1852)

Piano de pedal
Studien für den Pedal-Flügel, Opus 56. (1845)1, Dó menor.
Skizzen für den Pedal-Flügel, Opus 58. (1845
Órgão
Seis Fugas Sobre o nome de "BACH", Opus 60. (1845)

Ópera
Genoveva, Opus 81. (1846-1848)

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=1HZswIyJbS4&feature=PlayList&p=AB0CF7AD7062925C&playnext=1&playnext_from=PL&index=21


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SCHÜTZ, HEINRICH


Heinrich Schütz (9 de outubro de 1585 - 6 de novembro de 1672) foi um músico e compositor alemão. É geralmente considerado o mais importante compositor antes de Johann Sebastian Bach e também considerado um dos mais importantes compositores do século XVII junto com Claudio Monteverdi.


Iniciou a sua carreira musical quando foi seleccionado, ainda menino, pela sua bela voz, para o coro do Landgrave Maurício de Hesse-Kassel, e ali recebeu o seu primeiro treinamento. Mais tarde, o seu patrono matriculou-o na Universidade de Marburg, e depois  enviou-o para estudar com Giovanni Gabrieli, na Itália. Ao retornar em 1613 com os ensinamentos recebidos, foi instrumento de importantes inovações no vocabulário musical da Alemanha.


Passou os quatro anos seguintes exercendo a função de organista em Kassel, e foi libertado deste serviço para assumir a posição de Kapellmeister na corte de Dresden. Ali casou-se e se tornou amigo de Hermann Schein. Em 1629 voltou para a Itália a fim de comprar instrumentos e estudar a música teatral de Monteverdi. Como a Guerra dos Trinta Anos estava devastando a Alemanha, Schütz foi obrigado, no seu retorno, a buscar uma colocação noutro local, e encontrou emprego em Hamburgo, e depois em Copenhagen. Terminada a guerra, reassumiu suas funções em Dresden, onde se aposentou em 1651, retirando-se para sua casa de campo, e ali faleceu.


A música de Schütz é de cariz predominantemente religioso, e a sua intensa piedade pessoal o imbuiu de grande capacidade de expressão emocional. Dominou a escrita para grandes grupos tão bem quanto para os reduzidos, e as suas Paixões, para pequenos conjuntos, talvez estejam entre as suas obras mais impressionantes.


A influência da arte musical italiana perpassa toda a sua obra, embora a tenha adaptado para o carácter nórdico de uma forma altamente pessoal. Foi um mestre no estilo concertato, no contraponto e na oratória musical, com uma maravilhosa capacidade de interpretação expressiva dos textos num ritmo coerente com a prosódia e ao mesmo tempo desenhando as linhas vocais em melodias da mais alta musicalidade.


Foi um dos primeiros grandes compositores alemães a dedicar-se  à oratória, onde se destacam a História da Ressurreição, as Sete Palavras de Jesus na Cruz, e a História do feliz nascimento de Jesus Cristo. Os Salmos de David, as Symphoniae Sacrae e as Cantiones Sacrae também são obras-primas do género.


Embora a sua imensa produção - a maioria sacra - fosse fortemente influenciada pelos estilos italianos, as suas obras dramáticas corais, inspiradas pelos ideais de Lutero, puseram a música alemã no mapa. Schütz gozou de vida longa e frutífera, apesar da morte precoce de sua mulher e filho.

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=9ob4oGauR4w

SCHUBERT, FRANZ


Franz Peter Schubert (Himmelpfortgrund, 31 de Janeiro de 1797 — Viena, 19 de Novembro de 1828) foi um compositor austríaco do fim da era clássica, com um estilo marcante, inovador e poético do romanticismo. Escreveu cerca de seiscentas canções (o "Lied" alemão), bem como óperas, sinfonias, incluindo ("Sinfonia Incompleta") sonatas entre outros trabalhos. Não houve grande reconhecimento público da sua obra durante A sua curta vida; teve sempre dificuldade em assegurar um emprego permanente, vivendo muitas vezes à custa de amigos e do trabalho que o pai lhe dava. Morreu sem quaisquer recursos financeiros com a idade de 31 anos. Hoje, o seu estilo considerado por muitos como imaginativo, lírico e melódico, fá-lo ser considerado um dos maiores compositores do século XIX, marcando a passagem do estilo clássico para o romântico. Podemos defini-lo como "mais um artista incompreendido pelos seus contemporâneos".

Schubert nasceu em Himmelpfortgrund, um pequeno subúrbio de Viena. O seu pai, Franz Theodor Florian Schubert, filho de um camponês da Morávia, era um mestre-escola da paróquia. A sua mãe, Elizabeth Fitz (ou Vietz), tinha sido, antes do casamento, criada de uma família vienense. Dos seus quatorze filhos, nove morreram durante a infância; os outros eram Ignaz (nascido em 1784), Ferdinand (nascido em 1794), Karl (nascido em 1796), Franz e a filha, Theresia (nascida em 1801). O pai, homem de reconhecida integridade moral, tinha alguma reputação como professor, e a sua escola, em Lichtenthal, era bem frequentada. Era também um músico amador razoável. Os seus filhos mais velhos, Ignaz e Ferdinand, comparavam-se ao pai na sua habilidade musical.

Aos cinco anos de idade, Schubert começou a sua instrução regular, com o pai. Aos seis anos, entrou na escola de Lichtenthal, onde passou alguns dos melhores anos da sua vida. A sua educação musical começou também por esta altura. O seu pai transmitiu-lhe alguns conhecimentos rudimentares sobre violino e o seu irmão, Ignaz, iniciou-o no pianoforte. Aos sete anos, como já tinha ultrapassado largamente a perícia dos seus mestres iniciais, foi entregue à guarda de Michael Holzer, o Kapellmeister - mestre de capela - da igreja de Lichtenthal. As lições de Holzer consistiam mais em manifestações de espanto por parte do mestre. O jovem Schubert lucrou mais com a ajuda de um seu colega que o levava até um armazém de pianofortes, onde este tinha oportunidade de practicar em instrumentos mais sofisticados que aquele que a sua família lhe podia proporcionar. O facto de os seus primeiros anos de aprendizagem serem algo insatisfatórios era tanto mais sério que, naquela época, um compositor só teria alguma hipótese de sucesso se fosse reconhecido pelo público como um intérprete de excepção. A educação musical que tinha era, no entanto, insuficiente.

A 30 de Setembro de 1808, o seu pai leva-o a participar no concurso para coristas da Capela Imperial, onde António Salieri, compositor oficial da corte, seleccionaria os novos cantores. Possuidor de uma apreciada voz de soprano, obteve um lugar no coro, ganhando também uma bolsa de estudos em Stadtkonvikt, um dos melhores colégios de Viena (correspondente ao Conservatório). Manteve-se aí até ter quase dezessete anos. A sua instrução não foi, no entanto, das melhores - um pouco, aliás, como aconteceu a Haydn em St. Stephen. A sua formação deveu mais à prática que recebeu através da orquestra da escola e pelo companheirismo de alguns dos seus colegas. Muitos dos seus mais devotados amigos, ao longo da sua vida, encontram-se já entre os seus colegas: Spaun, Stadler, Holzapfel, entre outros que o ajudavam monetariamente, comprando-lhe papel de música (que não conseguia comprar com o dinheiro que tinha), além de lhe darem apoio moral, encorajando-o, reconhecendo nele as suas qualidades. Foi também no Stadtkonvikt que teve o seu primeiro contacto com as sinfonias e aberturas de Mozart. Foi conhecendo alguma produção musical além desta, como pequenas peças musicais mais ligeiras e visitando ocasionalmente a ópera, que Schubert foi desenvolvendo o seu conhecimento pessoal da música da época.

Entretanto, ia já demonstrando as suas capacidades como compositor. Uma Fantasia para dueto de piano (D.1, usando o número de catálogo proposto por Otto Erich Deutsch - por isso se deve ler "Deutsch 1"), em trinta e duas páginas de música densamente escrita, é datada de 8 de Abril a 1 de Maio de 1810; seguiram-se-se, em 1811, três longas peças vocais (D.5 - D.7), escritas segundo um conceito popularizado por Zumsteeg, juntamente com uma "abertura-quinteto" (D.8), um quarteto de cordas (D.2); uma segunda Fantasia para pianoforte e alguns Lieder (canções).

É importante referir o seu interesse pela música de câmara já que se sabe que, em sua casa, na altura, se tinha formado um quarteto que tocava "aos domingos e feriados": com os seus irmãos a tocar violino, o seu pai a tocar violoncelo e Schubert a tocar viola.

Durante os restantes anos que passou no Stadtkonvikt, escreveu ainda um número apreciável de peças de música de câmara, vários Lieder, algumas peças variadas para pianoforte e, entre os seus projectos mais ambiciosos, um Kyrie (D.31) e um Salve Regina (D.27), um octeto para instrumentos de sopro (D.72/72a) - diz-se que em honra da sua mãe, que morreu em 1812 - uma cantata (D.110), incluindo a letra e a música, para a comemoração do dia do nome do seu pai, em 1813; e, no final dos seus anos de conservatório, a sua primeira sinfonia (D.82).

No final de 1813 deixou o conservatório e, para evitar o serviço militar, começou a leccionar na escola de seu pai, como professor primário. O seu pai tinha casado, entretanto, com Anna Kleyenboeck, a filha de um comerciante de seda do subúrbio de Gumpendorf. Durante dois anos, Schubert suportou este trabalho sem grande motivação. Compensava-o, no entanto, o prosseguimento da sua prática de composição, tendo aulas particulares com Salieri, que o aborrecia, acusando-o de plagiar Haydn e Mozart, apesar de ser certo que foi, dos seus professores de música, o mais competente.

Travou, entretanto, amizade com a família Grob, onde uma das filhas do casal, Teresa, demonstrava alguns dotes como cantora; começou a fazer-lhe a corte em 1814. A relação terminou, no entanto, em 1816, já que Schubert não conseguia ter emprego permanente.

A sua primeira ópera completa - Des Teufels Lustschloss (D.84) - e a sua primeira missa - em Fá maior (D.105) - foram ambas escritas em 1814. Do mesmo ano datam três quartetos de cordas, muitas peças instrumentais curtas, o primeiro andamento da sinfonia número 2 em Si menor (D.125) e dezessete Lieder, incluindo algumas obras-primas como Der Taucher (a primeira versão, D.77, reescrita posteriormente, com o número de catálogo D.111) e o chamado "Lamento de Margarida" - da obra de Goethe, "Fausto" - ou seja, Gretchen am Spinnrade ("Margarida na roca") (D.118, publicado como Op.2). Mas mesmo esta actividade musical foi largamente ultrapassada pela produzida em 1815. Neste ano, apesar do seu trabalho na escola, das aulas com Salieri e das muitas distracções proporcionadas em Viena, produziu um acervo de obras quase inacreditável pela quantidade. A Segunda sinfonia em Si bemol (D.125) foi terminada, e uma terceira, em Dó maior (D.200), foi composta quase de seguida. Completou igualmente duas missas, em Sol (D.167) e Si bemol (D.324) - a primeira foi escrita em seis dias - além de um novo "Dona Nobis" para a missa em Fá, um Stabat Mater e um Salve Regina (D.223).

Escreveu, entretanto, cinco óperas, das quais apenas três ficaram completas - Der vierjährige Posten (D.190), Fernando (D.220) e Claudine von Villabella (D.239) - e duas, Adrast (D.137) e Die Freunde von Salamanka (D.326), ficaram, aparentemente, incompletas. A lista de obras inclui ainda um quarteto de cordas em Sol menor, quatro sonatas e muitas peças de menor dimensão para piano. Os seus Lieder continuam, no entanto, a constituir a maior parte, e com maior sucesso, do compositor: 146 canções, algumas de tamanho considerável, das quais oito estão datadas de 8 de Outubro e sete de 19 de Outubro.

No inverno de 1814/1815, Schubert conheceu o poeta Johann Mayrhoffer; conhecimento que, como era habitual nas suas relações, levou a uma amizade sólida. Tinham temperamentos diferentes. Enquanto que Schubert se mostrava expansivo e alegre, apenas com alguns momentos, breves, de depressão logo seguidos de estados de espírito enérgicos, Mayrhofer era melancólico e reservado, preferindo levar a vida de forma estóica e silenciosa. Essa relação foi, como se verá, proveitosa para Schubert por diversas razões.

Assim como 1815 foi o período mais prolífico da vida de Schubert, em termos quantitativos, 1816 foi a época de viragem no que diz respeito à sua vida. Estava este ano por começar, quando Spaun descobre que Schubert está a compor, febrilmente, entre uma pilha de trabalhos escolares, o "Rei dos Álamos", também traduzido por "O Rei dos Elfos" ou Erlkönig (D.328, publicado como Op.1) - de um poema de Goethe. Umas semanas mais tarde, Von Schober, um estudante de direito de uma família abastada, que tinha ouvido algumas canções de Schubert em casa de Spaun, convida-o para ir a sua casa, onde poderia compor em paz, sem se preocupar com actividades lectivas. A proposta era tanto mais oportuna quanto Schubert tinha concorrido, sem sucesso, para o posto de Kapellmeister em Laibach (hoje, Ljubljana). O consentimento de seu pai foi imediato. Antes do final da Primavera, já Schubert se estava a instalar em casa de Von Schober. Por algum tempo ainda tentou contribuir com alguns rendimentos para a sua família, dando aulas de música, mas rapidamente as abandonou, devotando-se inteiramente à composição. "Escrevo todo o dia", disse um dia a alguém que o visitava, "e quando acabo uma peça, começo outra".

Entre as obras escritas em 1816 incluem-se três cantatas cerimoniais, uma delas (D.407/441) escrita para o Jubileu de Salieri, a 16 de Junho; a cantata "Prometeu" (D.451), oito dias depois, para os alunos do professor Heinrich Joseph Watteroth que lhe pagou honorários ("a primeira vez", dizia ele no seu Diário, "que compus por dinheiro"); a outra, com um libreto, indigno da qualidade musical de Schubert, para Herr Joseph Spendou, "Fundador e director" (D.472). De maior importância são as suas duas novas sinfonias: a Quarta sinfonia em Dó menor (D.417), a "Trágica", com um andante impressionante; e a Quinta sinfonia em Si bemol (D.485), com um brilho e frescura dignos de Mozart. Compôs também algumas peças de música sacra, onde demonstra uma maior maturidade que nas que compôs antes; e mais de cem canções, entre as quais algumas das suas melhores, a partir de textos de Goethe e Schiller. Escreveu também uma ópera, "Die Bürgschaft" (D.435), novamente com um libretto indigno do compositor, mas que revela bem o interesse que Schubert tinha em ingressar no mundo do teatro musicado.

Entretanto, o seu círculo de amigos continuava, incessantemente, a aumentar. Mayrhofer apresenta-o a Vogl, um barítono famoso, que lhe presta um grande favor ao interpretar os seus Lieder nos salões de Viena; Anselm Hüttenbrenner e o seu irmão, Joseph, encontram-se também entre os seus mais devotados admiradores; Gahy, um pianista de renome, tocava as suas sonatas e fantasias; os Sonnleithners, uma rica família burguesa, cujo filho mais velho tinha estado no Conservatório, deu-lhe livre acesso a sua casa e organizava, em sua honra, reuniões musicais a que, rapidamente, se deu o nome de Schubertíadas. As suas necessidades materiais eram sustentadas sem grande dificuldade. É verdade que vivia sem tostão. Os seus amigos, no entanto, com um generoso espírito de Boémia, partilhavam as contas, desde o alojamento até à alimentação. Schubert era sempre o líder das tertúlias e festas, e era conhecido por meia dúzia de alcunhas, das quais a mais característica era kann er was? ("Ele é capaz?"), a sua pergunta usual quando alguém lhe era apresentado.

1818, ainda que tenha sido um ano de pouca produção musical, se comparado com o que o antecedeu, foi, no entanto, memorável. A primeira apresentação pública de uma obra de Schubert - uma abertura ao estilo italiano: uma paródia descarada a Rossini - tocada com toda a seriedade num concerto numa prisão, a 1 de Março. Foi também o início da sua única nomeação oficial, como Mestre de Música da família do Conde Johann Esterhazy em Zelesz, onde passou o verão num ambiente agradável. Entre as composições que desenvolveu neste ano, encontramos a Sinfonia em Dó maior (D.589), algumas peças para pianoforte a quatro mãos, compostas para os seus alunos em Zelesz, além de algumas canções como Einsamkeit ("Solidão") (D.620), Marienbild (D.623) e Litaney. Ao regressar a Viena, no outono, descobre que Von Schober já não lhe pode dar alojamento, pelo que passa a viver com Mayrhofer. Aí, os seus hábitos não mudam muito: todas as manhãs começa a compor assim que sai da cama, escreve até às duas da tarde, altura em que come algo. Sai de passeio e volta de novo para compor ou, no caso de não estar disposto a isso, visita os amigos. Apresenta-se ao público como escritor de canções, pela primeira vez, em 28 de Fevereiro de 1819, quando a sua canção Schäfers Klagelied é cantada por Jager num concerto, numa prisão. No verão do mesmo ano, tira férias e viaja com Vogl até à Alta Áustria. Em Steyr, escreve o seu famoso Quinteto para piano em Lá (A Truta) (D.667), surpreendendo os seus amigos ao transcrever as partes sem consultar a partitura. Durante o outono enviou três das suas canções a Goethe que, ao que se sabe, não lhe respondeu.

As suas composições de 1820 são notáveis em vários aspectos e demonstram um largo avanço no desenvolvimento e maturidade do seu estilo. A oratória inacabada "Lazarus" (D.689) foi começada em Fevereiro; mais tarde, seguiram-se, entre outras obras de menor dimensão, o Salmo 23 (D.706) ("O Senhor é meu Pastor"), o Gesang der Geister (D.705/714), o Quarteto para cordas nº 12 em Dó menor (D.703) e a grande "Fantasia Wanderer" para piano (D.760). Mas o mais interessante, em termos biográficos, foi o facto de, neste ano, duas das óperas de Schubert terem sido estreadas no teatro Karthnerthor: Die Zwillingsbrüder "Os irmãos gémeos" (D.647) a 14 de Junho, e Die Zauberharfe ("A Harpa Mágica" ou "A Harpa Encantada") (D.644) a 19 de Agosto. Até ao momento, as suas composições mais extensas (exceptuando as missas) só tinham sido tocadas por amadores, na Gundelhof, uma sociedade com origem nos recitais de quarteto em casa do seu pai. Agora começava a ter maior visibilidade, mostrando-se a um público mais vasto. Os editores mantinham-se, no entanto, desdenhosos em relação à sua obra. Só quando o seu amigo Vogl canta o seu Erlkönig num concerto, no teatro Kärnthnerthor (8 de Fevereiro de 1821) é que Anton Diabelli aceitou, com algumas hesitações, publicar algumas das suas obras sob comissão. As primeiras sete obras com número de opus (todas elas canções - Lieder) foram publicadas nestes termos. Ao terminar a comissão, começou a receber os escassos dividendos acordados com as editoras. Muito se tem escrito sobre o abandono a que foi votado durante a sua vida. A culpa não se pode apontar nem aos seus amigos nem sequer ao público vienense, que só indirectamente era culpado. A responsabilidade pertencerá, talvez, às cautelas desnecessárias dos intermediários que retardavam e restringiam a publicação das suas obras.

Com a composição destas duas peças dramáticas, a atenção de Schubert dirigiu-se ainda mais para o palco. Desde o final de 1821 que esta obsessão apenas lhe trará desilusões. Alfonso und Estrella é recusada; o mesmo acontece com Fierabras (D.796); Die Verschworenen ("Os conspiradores") (D.787), foi proibida pela censura (provavelmente devido ao título); "Rosamunde" ("Rosamunda, princesa do Chipre), (D.797) ficou incompleta, depois de duas noites de trabalho, devido à insignificância do libreto. Destes trabalhos, os dois primeiros estão escritos a uma tal escala que a sua interpretação se tornaria inexcedivelmente difícil. ("Fierabras", por exemplo, é constituído por mais de 1000 páginas de partitura manuscrita), mas Die Verschworenen é uma comédia brilhante e ligeira, e "Rosamunda" contém alguma da melhor música composta por Schubert (a abertura, por exemplo, faz parte do reportório habitual da maioria das orquestras). Em 1822 é apresentado a Weber e a Beethoven, mas isso terá pouca influência na sua vida, ainda que Beethoven reconheça, cordialmente, o génio de Schubert. Von Schober está, entretanto, longe de Viena; novos amigos aparecem, mas com um carácter menos desejável. De todos, estes são os anos mais negros da sua vida.

Na Primavera de 1824 escreve o magnífico Octeto em Fá maior (D.803), "o esboço de uma grande sinfonia"; no verão volta para Zelesz, onde, atraído pela língua húngara, escreve o "Divertimento à húngara" (D.818) e o Quarteto para cordas em Lá menor (D.804). Muitos biógrafos referem, neste passo, a discutida paixão de Schubert pela Condessa Caroline Esterhazy, sua aluna. Os amigos de Schubert, nos seus diários e memórias referem esta paixão impossível de se concretizar, dada a condição social do compositor. Schubert dedicou-lhe a sua Fantasia in Fá menor, escrita em 1828. Muito debatido é, também, o grande Duo em Dó maior (D.812, opus 140), datado no verão desse ano, em Zelesz. Não tem qualquer relação com o estilo usual de Schubert para música de pianoforte, sendo predominantemente de carácter orquestral, podendo ser um esboço de uma grande sinfonia, à semelhança do Octeto.

Apesar da sua constante preocupação pelo teatro e, mais tarde, com os seus deveres oficiais, conseguiu, ainda assim, arranjar tempo para escrever outras obras. Completou a Missa em Lá bemol (D.678) e começou a "Sinfonia inacabada" ou "Sinfonia incompleta" (Sinfonia nº 8 em Si menor, D.759) em 1822.

Os Lieder Die schöne Müllerin ("A Bela Moleira") (D.795), e muitas outras das suas melhores canções foram escritas em 1825; em 1824 escreveu algumas variações sobre o tema Trockne Blumen ("Flores secas") destes Lieder. Há também uma sonata para piano e "Arpeggione" (D.821), uma interessante tentativa de valorizar um instrumento musical pesado e, hoje, obsoleto. Esta peça tem sido, entretanto, adaptada a outros instrumentos, sendo usualmente tocada com piano e violoncelo.

Os problemas destes anos pareceram desanuviar um pouco no ano de 1825. Começou a publicar mais obras; por algum tempo a sua situação financeira melhorou; no verão, fez uma viagem à Alta Áustria, onde foi recebido com entusiasmo. Foi durante essa viagem que escreveu "Canções de Sir Walter Scott". É neste ciclo que se insere a famosa "Ave Maria" (título original Ellens dritter Gesang, D.839), escrita para a tradução de Adam Storck a partir de um poema de Walter Scott, e não para o "Ave Maria" em latim, tal como é usada hoje em dia a música. Escreveu também a Sonata para piano em Lá menor (D.845, op. 42).

De 1826 a 1828, Schubert residiu sempre em Viena, se exceptuarmos uma breve visita a Graz, em 1827. Os dados biográficos dos anos que se seguem restringem-se quase exclusivamente às obras que compôs. Os únicos acontecimentos dignos de notas em 1826 foi que dedicou uma sinfonia para a Gesellschaft der Musikfreunde, tendo recebido honorários em troca; que, no mesmo ano, concorreu para condutor de orquestra na Ópera, tendo perdido o posto por se recusar a alterar uma das suas canções no ensaio; e que na primavera de 1828 deu, pela primeira e única vez na sua vida, um concerto dedicado exclusivamente a obras da sua autoria, tendo sido bem recebido.

Seguem-se as obras mais importantes escritas neste período. No inverno de 1825-1826, escreveu o quarteto de cordas em Ré menor, com as variações sobre o tema A Morte e a Donzela (D.810). Mais tarde, nesse mesmo ano, escreveu o "Quarteto de cordas em Sol maior", "Rondeau brilhante" para piano e violino (D.895, opus 70), e a interessante Sonata para Piano em Sol (D.894, opus 78) que, por soberba dos editores, foi impressa sem o título "Fantasia" que Schubert lhe havia dado (ainda que em edições recentes se tenha recuperado esse título, nem que seja sob a forma de sub-título). A estas obras há a acrescentar as três canções baseadas em poemas de Shakespeare, das quais "Hark! Hark! the Lark" (D.889) e "Who is Sylvia?" (D.891) foram escritas no mesmo dia; a primeira numa taberna onde interrompeu o seu passeio da tarde e a última quando estava de volta aos seus aposentos, ao anoitecer. Em 1827, escreveu a "Viagem de Inverno" - Winterreise (D.911), a fantasia para piano e violino em Dó (D.934), e os dois trios para piano (Si bemol, D.898; e Mi bemol, D.929): em 1828 a "Canção triunfal de Miriam", baseada em um texto bíblico; a Sinfonia em Dó maior, "a Grande" (D.944), a Missa em Mi bemol (D.950), e o extraordinariamente belo Tantum Ergo (D.962) na mesma dominante; o Quinteto de Cordas em Dó (D.956); o segundo "Benedictus" para a Missa em Dó, as últimas três Sonatas para piano e o conjunto de canções publicadas postuamente com o lírico título de Schwanengesang (ou "O Canto do Cisne", D.957). Seis destas canções têm letra de Heinrich Heine, cuja Buch der Lieder foi escrita no outono.

A sua saúde deteriorou-se neste mesmo auge da sua actividade criativa. Sofria de sífilis desde 1822. Terá morrido de febre tifóide, ainda que vários biógrafos apresentem outras possíveis doenças. Morreu a 19 de Novembro, na casa do seu irmão Ferdinand, em Viena, com 31 anos de idade. A sua sepultura jaz no cemitério de Währinger, perto da de Ludwig van Beethoven, compositor que venerou em vida.

Algumas das suas peças de menor dimensão foram impressas pouco depois da sua morte, mas aquelas que hoje são consideradas mais importantes forma vistas pelos editores como papel desperdiçado. Em 1838, Robert Schumann, numa visita a Viena, encontra o manuscrito poeirento da Sinfonia em Dó maior, (a "Grande", D.944) e levou-a consigo para Leipzig, onde foi interpretada por Felix Mendelssohn, tendo sido consagrada pelos críticos da revista "Neue Zeitschrift für Musik". Há uma certa controvérsia em relação à numeração a dar a esta Sinfonia. Os musicólogos alemães preferem designá-la por Sinfonia nº7; o catálogo de referência das obras de Schubert, o "Deutsch", compilado por Otto Erich Deutsch, lista-a como nº 8, enquanto que na maior parte do mundo é conhecida como a nona de Schubert.

O passo mais importante que foi dado para a redescoberta dos trabalhos esquecidos de Schubert foi dado, numa viagem que fez por Viena, por Sir George Grove (da "Grove's Dictionary of Music and Musicians") e por Sir Arthur Sullivan, no outono de 1867. Estes viajantes reabilitaram sete sinfonias, a música escrita para a ópera "Rosamunda", algumas missas e óperas, alguns trabalhos de música de câmara e um grande conjunto, variado, de pequenas peças musicais e Lieder. O público mundial tinha, finalmente, acesso à obra de Schubert.

Outra controvérsia, iniciada com Grove e Sullivan, tendo continuado por vários anos, referia-se à existência de uma Sinfonia "perdida". Pouco antes da morte de Schubert, o seu amigo Eduard von Bauernfeld fazia menção a uma outra sinfonia, datada de 1828 (ainda que isso não indique de forma indubitável o ano em que terá sido composta), que se chamaria "Letzte" ou seja, a "Última" sinfonia. A generalidade dos musicólogos aceita, hoje em dia, que esta última sinfonia refere-se a um esboço sinfónico em Ré maior (D936A), descoberto na década de 1970 e, que, Brian Newbould completou, dando-lhe o nome de Décima sinfonia.

Muitos concordam com a frase de Franz Liszt, que se refere a Schubert como "le musicien le plus poète qui fut jamais." - "o mais poeta dos músicos de sempre". Em clareza de estilo, é dito que é inferior a Mozart; no poder da construção musical, está bem longe de Beethoven, mas, em termos de impulso e sugestão poética, é dificilmente comparável. Escreveu a sua música sempre de forma precipitada e raramente mudava algo que já estava escrito. Daí que a característica fundamental da sua obra seja um certo sabor a improviso: é por isso que adjectivações como fresco, vivo, espontâneo, impaciente, moderado, rico em matizes sonoras, caloroso, sentimental e imaginativo são frequentemente utilizadas. É por muitos considerado o maior autor de canções que alguma vez existiu. O Lied alemão não seria, de forma alguma, o mesmo sem Schubert. Em geral, as suas obras são marcadas pelo paradigma da canção. Até nas suas missas parece que se irrita com as secções contrapontísticas, empregando toda a sua alma nas partes que lhe permitem um tratamento mais lírico. Nas suas sinfonias, as passagens mais celebradas são aquelas que trazem a marca do lirismo e da elegia. Poder-se-ia dizer que era como um cantor (que foi, efectivamente) que transportou para todo um vasto campo musical a forma artística que mais amou.
Em 1872, foi erigido no Parque Municipal de Viena um memorial em honra de Franz Schubert.
É de autoria de Schubert uma das mais famosas músicas sobre o texto da oração da "Ave Maria". Alguns colocam-na, ao lado da de Gounod, como uma das mais profundas e elevadas músicas escritas em honra ao Senhor.

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SCHRECKER, FRANZ


Franz Schrecker (23 de março de 1878, Mónaco - 21 de março de 1934) foi um compositor austríaco, maestro, professor e administrador. Como compositor de óperas, o seu estilo é caracterizado pela pluralidade estética (uma mistura de Romantismo , Naturalismo, Simbolismo, Impressionismo, Expressionismo) experimentação, timbral, estratégias de tonalidade estendida e concepção de música-teatro total na narrativa da música do século 20.

Schreker era o filho mais velho do boémio-judaico fotógrafo, Ignaz Schrecker e a sua esposa, Eleonore von Clossmann, era um membro da aristocracia católica da Estíria.
Depois da morte de seu pai, a família  mudou-se de Linz para Viena (1888) onde, em 1892, com a ajuda de uma bolsa de estudos, Schreker entrou para o Conservatório. Começando com os estudos de violino, com Sigismund Bachrich Rosé Arnold,  mudou-se para a classe de composição dada por Robert Fuchs e, finalmente, formou-se como compositor em 1900. O seu primeiro sucesso foi com o Intermezzo op.8 para cordas, que ganhou um importante prémio promovido pela Musikalische Neue Press em 1901. Schreker tinha-se iniciado na regência, em 1895, quando fundou a Verein der Musikfreunde Döbling. Depois de se formar no conservatório, ele passou vários anos, em vários postos de trabalho como ganha-pão. Em 1907 formou o Coro Filarmónico, que dirigiu até 1920.

A sua pantomima, Der Geburtstag der Infantin, encomendada pela bailarina Grete Wiesenthal e sua irmã Elsa para a abertura do Kunstschau 1908, a primeira chamou a atenção para o seu desenvolvimento como compositor. Tal foi o sucesso do empreendimento que Schreker compôs as mais diversas obras relacionadas com a dança-trabalho para as duas irmãs, incluindo Der Wind, Valse lente e Tanzspiel Ein (Rokoko). Em 1912, a primeira apresentação em Frankfurt da ópera Der Ferne Klang, em que ele vinha trabalhando desde 1903, consolidou a sua fama e no mesmo ano, Schreker foi nomeado como professor na Academia de Música de Viena. Esta descoberta abre uma década de grande sucesso para o compositor. A sua ópera seguinte, Das spielwerk und die Prinzessin, que teve estreia simultânea em Fratornar nkfurt e Viena (15 de março de 1913) foi tão bem recebido (o trabalho foi revisto posteriormente como um acto Mysterium  intitulado simplesmente Das spielwerk, em 1915), mas o escândalo que causou esta ópera em Viena serviu apenas para tornar o nome Schreker mais amplamente conhecido. A eclosão da Primeira Guerra Mundial interrompeu o sucesso do compositor, mas com a estréia da sua ópera Die Gezeichneten (Frankfurt, 25 de abril de 1918) Schreker mudou-se para as fileiras da frente dos compositores de ópera contemporânea. A primeira apresentação de Der Schatzgräber (Frankfurt, 21 de janeiro de 1920) foi o ponto alto de sua carreira. O Symphony Chamber, composta entre as duas óperas para o corpo docente da Academia de Viena, em 1916, rapidamente entrou no repertório e continua a ser uma das mais encenadas de Schreker, hoje. Em março de 1920 foi nomeado director da Hochschule für Musik de Berlim e entre 1920 e 1932 deu aulas de  música numa extensa variedade de assuntos a Berthold Goldschmidt, Hába Alois, Horenstein Jascha, Ernst Krenek, Rodzinski Artur, Stefan Wolpe, e Grete von Zieritz enumerados entre os seus alunos.

A fama e influência estava no seu auge durante os primeiros anos da República de Weimar, quando foi realizada a ópera  mais representada do compositor em vida  depois de Richard Strauss. O declínio da sua fortuna artística teve início com a recepção mista dada a Irrelohe (Colónia, 1923, Otto Klemperer) e o fracasso de
Der Singende  Teufel (Berlim, 1928 sob a regência de  Erich Kleiber). Os acontecimentos políticos e a propagação do anti-semitismo foram também factores contributivos, os quais anunciaram o fim da carreira de Schreker. As manifestações de direita marcam a estreia de Der Schmied von Gent (Berlim, 1932) e a pressão Nacional Socialista  forçou o cancelamento da estreia programada de Freiburg Christophorus (o trabalho foi finalmente apresentado em 1978). Finalmente, em junho de 1932, Schreker perdeu a sua posição como Director da Escola Superior de Música de Berlim e, no ano seguinte, também o seu lugar  como professor de composição na Akademie der Künste. Em vida foi aclamado como o futuro da ópera alemã, mas considerado irrelevante como compositor e marginalizado como um educador. Depois de sofrer um derrame em dezembro de 1933, morreu em 21 de março, dois dias antes de seu 56 aniversário.

Embora Schreker tenha sido influenciado por uma série de compositores como Richard Strauss e Richard Wagner, o seu estilo maduro apresenta uma linguagem muito individual harmóica, caracterizada por uma combinação de tonalidades cromáticas e com passagens politonais.

OBRAS

Óperas
Flammen op.10 (1901/02)
Der ferne Klang (1903-1910)
Das Spielwerk und die Prinzessin (1908; 1909-1912); revised as Das Spielwerk (1915)
Die Gezeichneten (1911; 1913-1915)
Der Schatzgräber (1915-1918)
Irrelohe (1919-1922)
Der singende Teufel (1924; 1927-1928)
Christophorus (oder Die Vision einer Oper) (1925-1929)
Der Schmied von Gent (1929-1932)
Peças para orquestra
1896: Love Song for string orchestra and harp (lost)
1899: Scherzo (unpublished)
1899: Symphony in A minor op.1 (unpublished, final movement lost)
1900: Intermezzo for string orchestra op.8
1900: Scherzo for string orchestra
1902-1903: Ekkehard: Symphonic Overture op.12
1903: Romantische Suite op.14
1904: Phantastische Ouvertüre op.15
1906-1907: Nachtstück (from the opera Der ferne Klang)
1908-1910: Der Geburtstag der Infantin: Dance-pantomime after Oscar Wilde's The Birthday of the Infanta for chamber orchestra
1908: Festwalzer und Walzerintermezzo
1908: Valse lente
1908-1909: Ein Tanzspiel (Rokoko)
1913: Vorspiel zu einem Drama
1916: Chamber Symphony
1909/1922: Fünf Gesänge for low voice and orchestra
1922: Symphonic Interlude (from the opera Der Schatzgräber)
1923: Der Geburtstag der Infantin: Suite for large orchestra
1923/1927: Vom ewigen Leben: Two songs after Walt Whitman for soprano and orchestra
1928: Kleine Suite for small orchestra
1929-1930: Vier kleine Stücke for large orchestra
1932-1933: Das Weib des Intaphernes - Melodrama for speaker and orchestra
1933: Hungarian Rhapsody No.2 (Liszt) - transcribed for orchestra
1933: Vorspiel zu einer großen Oper

Obras para coro
1900: Psalm 116 for 3-part women's chorus, orchestra and organ op.6
1902: Schwanensang for mixed choir and orchestra op.11

Obras de Câmara
1898: Sonata for violin and piano
1909: Der Wind for clarinet, horn, violin, 'cello and piano
 
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sábado, 23 de janeiro de 2010

SCHÖNBERG, ARNOLD


Arnold Franz Walter Schönberg, (Viena, 13 de setembro de 1874 — Los Angeles, 13 de julho de 1951) foi um compositor austríaco de música erudita e criador do dodecafonismo, um dos mais revolucionários e influentes estilos de composição do século XX.
As suas primeiras obras, apesar de ligadas à tradição pós-romântica, já prenunciavam um método composicional inovador, que evoluiu para a atonalidade e, mais tarde, para um estilo próprio, o dodecafonismo. Schönberg foi também pintor e importante teórico musical, autor de Harmonia e Exercícios Preliminares em Contraponto.

Primogênito de uma família judaica ortodoxa natural da Hungria, Arnold Schönberg desde cedo entrou em contacto com as artes, influenciado por seu tio Fritz Nachod, grande admirador da poesia e da literatura francesas. Aos oito anos de idade, iniciou a sua educação musical e passou a ter aulas de violino, compondo, nessa época, as suas primeiras músicas. Mais tarde, tornou-se autodidata na aprendizagem de piano e violoncelo.

Com a morte do patriarca, em 1889, a família passou a enfrentar dificuldades financeiras e Schönberg, para ajudar, tornou-se empregado de um banco, onde trabalhou até 1896. O seu interesse pela arte, entretanto, não diminuiu nesse meio tempo: David Josef Bach, cunhado do seu primo, acompanhava-o em discussões sobre música, filosofia e literatura. Bach encorajou-o a seguir a carreira de músico e despertou-lhe o interesse em buscar ideais artísticos próprios.

Em 1894, passou a ter aulas de composição com Alexander von Zemlinsky. Referência importante em toda a carreira de Schönberg, Zemlinsky foi o responsável pela sua formação teórica e musical, além de dar-lhe os princípios gerais de composição.

No final do século XIX, começa a dar aulas e a trabalhar em companhias musicais e conservatórios. Data dessa época (mais especificamente de 1899) a sua primeira composição de relevo, o sexteto de cordas Verklärte Nacht. Em 1898, converte-se ao luteranismo. Em 1933, depois de deixar a Alemanha devido à ascensão do nazismo ao poder, retorna ao Judaísmo em Paris.

Várias de suas obras remetem a temas do Judaísmo, como sua ópera inacabada Moses und Aron, Um sobrevivente de Varsóvia, para recitante, coro e orquestra, e as suas últimas obras, os três coros do opus 50 (Dreimal tausend Jahre - Três vezes mil anos, Salmo 130 e Salmo Moderno n. 1). O segundo desses coros foi dedicado ao Estado de Israel. Ele ainda estava a trabalhar no terceiro deles, quando morreu, e o coro ficou inconcluso.

Arnold era fascinado pela numerologia. Este fascínio perseguiu-o por toda a sua vida, pois ele pensava que poderia saber o futuro através de complexos calculos numéricos. E estes calculos o levaram a uma certa obsessão "zagállica" pelo numero 13. Arnold tinha nascido em 13 de setembro de 1874 e por conta disso, era perseguido pela idéia constante de que o numero 13 estaria directamente ligadoà sua morte.Como os numeros sete e seis somam 13, Arnold Schonberg resolveu acreditar que ele iria morrer quando fizesse 76 anos de idade. Ao verificar o calendário, Arnold viu horrorizado que o dia 13 de julho cairia numa sexta-feira.
Quando aquele fatídico dia chegou, Arnold tentou ludibriar a morte, permanecendo deitado durante todo o dia, para desespero de sua mulher, que não aceitava aquelas "maluquices". Arnold dizia para todos que estava decidido a passar o dia inteiro na cama, de modo a evitar eventuais acidentes. Poucos minutos antes da meia noite, sua esposa foi ao quarto dele para brincar com ele, pois nada de ruim havia acontecido. Ao chegar no quarto, ela encontrou Shonberg deitado. Ele olhou para a esposa e pronunciou apenas "harmonia" e então morreu.
A hora de sua morte foi 23:47, 13 minutos antes da meia-noite, numa sexta-feira 13, no seu septuagésimo sexto ano de vida.

OBRAS
Com número de Opus

Verklärte Nacht, p/ sexteto de cordas, Op. 4 (1899)
Kammersymphonie No. 1 em Mi maior, op. 9 (1906)
Cinco Peças para Orquestra, Op. 16 (1909)
Sechs Kleine Klavierstücke, p/ piano solo, Op. 19 (1911)
Pierrot Lunaire, p/ narrador e orquestra de câmara, Op. 21 (1912)
Concerto para Violino, Op. 36 (1936)
Concerto para Piano, Op. 42 (1942)
Um Sobrevivente de Varsóvia, p/ orquestra, narrador e coro masculino, Op. 46 (1947)
Fantasia para Violino e Piano, Op. 47 (1949)
3 Canções, Op. 48 (1933)
3 Canções Folclóricas, Op. 49 (1948)
Dreimal tausend Jahre, Op. 50a (1949)
Psalm 130 "De profundis", Op. 50b (1950)
Modern psalm, Op. 50c (1950, inacabada)

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=oarPobOc-js

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SCHAT, PETER



Peter Schat (5 de junho de 1935, em Utrecht - 10 de fevereiro de 2003, em Amsterdão) foi um compositor holandês.

Na década de 1950, enquanto estudava com Kees van Baaren no conservatórios de Utrecht e Haia, Schat criou o seu opus 1, Passacaglia e Fuga para órgão (1954), e Septet (1957). Em 1957,  também ganhou o Gaudeamus International Composers Award.

Desde 1960, estudou com Pierre Boulez, em Basileia. Em fevereiro de 1969, co-fundou o estúdio para Electro-Instrumental Music (STEIM), em Amsterdão. Entre as suas obras mais notáveis são amplamente Thema (de 1970) e To You (em 1972). Para Você foi realizado no Festival de Holanda.

A década de 1970 também trouxe contribuição mais notável  à teoria da música de Schat do século 20, o relógio "tom". Ele empresta o seu nome a uma tradução da sua coletânea de ensaios, O Relógio Tone (Música Contemporânea de Estudos) .

Schat morreu em 2003 de cancro.

OBRAS
Música de Câmara
Octet (1958)
Improvisations and symphonies (1960)
Signalement (1961)
First essay on electrocution (1966)
Hypothema (1969)

Música Coral
The fall (1960)
The fifth season (1973)
Breath (1984)
An Indian requiem (1995)

Ópera e Máusica de Teatro
Labyrint (1966)
Reconstructie (1969)
Houdini (1977)
Aap verslaat de knekelgeest (1980)
Symposion (1989)

Música Para Piano
Variations (1956)
Inscriptions (1959)
Anathema (1969)
Polonaise (1981)

Outra
Passacaglia en Fuga (1954)
Thema (1970)
To you (1972)


Canto
Kind en Kraai
De Hemel (1991)

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=RSZlYJKDHzU
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