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Esta página pretende apenas ser um complemento da inicialmente criada para o Coro de Câmara de Beja, uma vez que a extensa lista de compositores tornava pouco prática a utilização daquela página.

quarta-feira, 24 de março de 2010

VILLA-LOBOS, HEITOR

Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887 – Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1959) foi um maestro e compositor brasileiro.
Destaca-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior expoente da música do Modernismo no Brasil, compondo obras que enaltecem o espírito nacionalista onde incorpora elementos das canções folclóricas, populares e indígenas.

Filho de Noémia Monteiro Villa-Lobos e Raul Villa-Lobos, foi desde cedo incentivado aos estudos, pois sua mãe queria vé-lo médico. No entanto, Raul Villa-Lobos, pai do compositor, funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador, deu-lhe instrução musical e adaptou uma viola para que o pequeno Heitor iniciasse seus estudos de violoncelo. Aos 12 anos, órfão de pai, Villa-Lobos passou a tocar violoncelo em teatros, cafés e bailes; paralelamente, interessou-se pela intensa musicalidade dos "chorões", representantes da melhor música popular do Rio de Janeiro, e, neste contexto, desenvolveu-se também no violão. De temperamento inquieto, empreendeu desde cedo escapadas pelo interior do Brasil, primeiras etapas de um processo de absorção de todo o universo musical brasileiro. Em 1913 Villa-Lobos casou-se com a pianista Lucília Guimarães, indo viver no Rio de Janeiro. Em 1915 realiza o primeiro concerto com obras de sua autoria.
 
Em 1922 Villa-Lobos participa da Semana da Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo. No ano seguinte embarca para Europa, regressando ao Brasil em 1930, quando realiza turnê por sessenta e seis cidades. Realiza também nesse ano a " Cruzada do Canto Orfeónico" no Rio de Janeiro. O seu casamento com Lucília termina na década de 1930. Depois de operar-se de câncer em 1948, casa-se com Arminda Neves d'Almeida a Mindinha, uma ex-aluna, que depois de sua morte se encarrega da divulgação de uma obra monumental. O impacto internacional dessa obra fez-se sentir especialmente na França e EUA, como se verifica pelo editorial que o The New York Times lhe dedicou no dia seguinte à sua morte. Villa-Lobos nunca teve filhos.
 
Em 1960, o governo do Brasil criou o Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro.
 
Embora tenha sido um dos mais importantes nomes da música a apresentar-se na Semana de Arte Moderna, Villa-Lobos não foi o único compositor a ser interpretado, também foram interpretadas obras de Debussy, por Guiomar Novaes, de Eric Satie, por Ernani Braga, que interpretou também "A Fiandeira", de Villa-Lobos.
O Teatro Municipal de São Paulo foi o primeiro palco "erudito" a receber as obras de Villa-Lobos.
 
As primeiras composições de Villa-Lobos trazem a marca dos estilos europeus da virada do século XIX para o século XX, sendo influenciado principalmente por Wagner, Puccini, pelo alto romantismo francês da escola de Frank e logo depois pelos impressionistas. Teve aulas com Frederico Nascimento e Francisco Braga.
 
Nas Danças características africanas (1914), entretanto, começou a repudiar os moldes europeus e a descobrir uma linguagem própria, que viria a firmar-se nos bailados Amazonas e Uirapuru (1917). O compositor chega à década de 1920 perfeitamente senhor de seus recursos artísticos, revelados em obras como a Prole do Bebê, para piano, ou o Noneto (1923). Violentamente atacado pela crítica especializada da época, viajou para a Europa em 1923 com o apoio do mecenas Carlos Guinle e, em Paris, tomou contato com toda a vanguarda musical da época. Depois de uma segunda permanência na capital francesa (1927-1930), voltou ao Brasil a tempo de engajar-se nas novas realidades produzidas pela Revolução de 1930.
 
Apoiado pelo Estado Novo, Villa-Lobos desenvolveu amplo projecto educacional, em que teve papel de destaque o canto orfeónico, e que resultou na compilação do Guia prático (temas populares harmonizados).
 
À audácia criativa dos anos 1920 (que produziram as Serestas, os Choros, os Estudos para violão e as Cirandas para piano) seguiu-se um período "neobarroco", cujo carro-chefe foi a série de nove Bachianas brasileiras (1930-1945), para diversas formações instrumentais. Na sua obra prolífera, o maestro combinou indiferentemente todos os estilos e todos os géneros, introduzindo sem hesitação materiais musicais tipicamente brasileiros em formas tomadas de empréstimo à música erudita ocidental. Procedimento que o levou a aproximar, numa mesma obra, Johann Sebastian Bach e os instrumentos mais exóticos.
 
É possível encontrar na obra de Villa-Lobos preferências por alguns recursos estilísticos: combinações inusitadas de instrumentos, arcadas bem puxadas nas cordas, uso de percussão popular e imitação do cantos de pássaros. O maestro não defendeu nem se enquadrou em nenhum movimento, e continuou por muito tempo desconhecido do público no Brasil e atacado pelos críticos, dentre os quais Oscar Guanabarino. Também se encontra em sua obra uma forte presença de referências a temas do folclore brasileiro.
 
Não obstante as severas críticas, Villa-Lobos alcançou grande reconhecimento em nível nacional e internacional. Entre os títulos mais importantes que recebeu, está o de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova Iorque e o de fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Música. O maestro foi retratado nos filmes Bachianas Brasileiras: Meu Nome É Villa-Lobos (1979), O Mandarim (1995) e Villa-Lobos - Uma Vida de Paixão (2000), além de aparecer pessoalmente no filme da Disney, Alô, Amigos (1940), ao lado do próprio Walt Disney . Em 1986, Heitor Villa-Lobos teve sua efígie impressa nas notas de quinhentos cruzados.
 
OBRAS
 
Música Orquestral
12 sinfonias (1916–1957)
Uirapuru (1917)
Amazonas (1917)

Choros
n.º 06 (1926)
n.º 08 (1925)
n.º 09 (1929)
n.º 11 (1928)
n.º 12 (1929)

Bachianas brasileiras
n.º 01 (1930) para 12 Violoncellos
n.º 02 (1930) para orquestra
n.º 03 para piano e orquestra (1938)
n.º 04 (1936) para piano ou para orquestra
n.º 05 (1938-1945) para soprano e 8 violoncellos
n.º 06 (1938) para flauta e fagote
n.º 07 (1942) para orquestra
n.º 08 (1944)
n.º 09 (1945) para orquestra e choro
Erosão (1950)
Odisseia de uma Raça (1953)
Gênesis (1954)
Emperor Jones (1956)
Momoprecoce para piano e orquestra (1929)
5 concertos para piano e orquestra (1945, 1948, 1957, 1954, 1954)
Martírio dos Insetos para violino e orquestra (1925)
2 concertos para violoncelo e orquestra (1913, 1955)
Concerto para Violino e Orquestra (1951)
Concerto para violão e pequena orquestra (1951)
Concerto para Harpa e Orquestra (1953)
Concerto para Harmônica e Orquestra (1953)
Ciranda das Sete Notas para fagote e orquestra (1953)
Fantasia para Violoncelo e Orquestra (1945)
Concerto grosso (1958)

Piano
Danças Características Africanas (1914)
Prole do Bebê n.º 01 (1918)
Prole do Bebê n.º 02 (1921)
Lenda do Caboclo (1920)
Rudepoema (1926)
Choros n.º 05 (1926)
Cirandas (1929)
Saudades das Selvas Brasileiras (1927)
Valsa da dor (1930)
Ciclo Brasileiro (1936)
As Três Marias (1939)
Hommage a Chopin (1949)

Música de câmara
17 quartetos de cordas (1915–1957)
3 trios para piano, violino e violoncelo
Sexteto Místico (1917)
Quarteto Simbólico (1921)
Trio para oboé, clarinete e fagote (1921)
Noneto (1923)
Quarteto de sopros (1928)
Quinteto em Forma de Choros (1928)
Bachianas n.º 01 para conjunto de violoncelos (1930)
Bachianas n.º 06 para flauta e fagote (1938)
Trio de cordas (1945)
Duo para violiono e viola (1946)
Assobio a Jato (1950)
Fantasia Concertante (1953)
Duo para oboé e fagote (1957)
Quinteto instrumental (1957)

Violão
Choros n.º 01 (1924)
Estudos (1924–1929)
Prelúdios (1940)

Música vocal
Canções típicas brasileiras (1919)
Serestas (1925)
Bachianas n.º 05 (1938–1945) para soprano e 8 violoncellos
Floresta do Amazonas (1958)
Modinhas e canções (1933–1942)
Poema de Itabira (1942)

Música Coral
Vida Pura, oratório (1919)
Descobrimento do Brasil, 4 suítes (1937)
Missa de São Sebastião (1937)
Bendita Sabedoria (1958)
Magnificat (1958)
Música Dramática
Izaht, ópera (1912/1918)
Magdalena, opereta (1947)
Yerma, ópera (1956)
A Menina das Nuvens, ópera bufa (1958)

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=s44uFI8AD0U

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