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domingo, 28 de março de 2010

WAGNER, RICHARD

Wilhelm Richard Wagner (Leipzig, 22 de maio de 1813 — Veneza, 13 de fevereiro de 1883) foi um compositor, maestro, teórico musical, ensaista e poeta alemão, considerado um dos expoentes do romantismo e dos mais influentes compositores de música erudita já surgidos.

Wagner foi responsável por inúmeras inovações para a música, tanto em termos de composição quanto em termos de orquestração. Como compositor de óperas, criou um novo estilo, grandioso, cuja influência sobre a música da época e posterior foi forte. Como poeta, escreveu o libreto de todas as suas óperas.

Wilhelm Richard Wagner nasceu a 22 de maio de 1813 em Leipzig, na Saxónia, uma cidade onde já haviam vivido diversos outros artistas de renome, como Bach, Schumann, Mozart, Mendelssohn e Goethe. Sua mãe chamava-se Johanna Rosine Pätz. Quanto ao pai, há dúvidas se seria o escrivão de polícia Carl Friedrich Wilhelm Wagner, que vivia maritalmente com Johanna (há dúvidas se eles eram realmente casados; a certidão de casamento nunca foi encontrada) e que morreu apenas seis meses após o nascimento do compositor, 23 de novembro) durante uma epidemia de febre tifóide, ou o pintor e actor Ludwig Geyer, um amigo de Carl. O que se sabe é que, quando o menino tinha apenas dois meses de idade, sua mãe fez uma viagem perigosíssima, atravessando a Alemanha toda ocupada pelas tropas de Napoleão, provavelmente levando o menino consigo, para visitar Ludwig em Teplitz. Tal viagem só pode ser explicada por alguma necessidade urgente. Anos mais tarde Wagner teria confessado a Nietzsche e a sua esposa Cosima que seu verdadeiro pai era Ludwig Geyer, segundo ela atesta no seu diário. Nos últimos anos da vida do compositor, quando ele montou a sua casa em Bayreuth, ele pendurou um retrato de Ludwig Geyer na parede, e ele foi o primeiro a notar a estranha semelhança entre aquele retrato e seu filho Siegfried. Ludwig e Johanna casaram-se em 28 de agosto de 1814, e um mês depois se fixaram em Dresden.

O pequeno Richard foi criado num ambiente artístico, mas não musical. Seus dois "pais" eram actores amadores; Geyer também era pintor e dramaturgo, e escreveu uma peça, Der bethlehemitische Kindermord (O Massacre dos Inocentes) que foi encenada com sucesso em 1821. Duas irmãs mais velhas de Wagner eram actrizes, Rosalie e Luise, e uma outra tornou-se cantora de ópera, Klara, tendo estreado em 1824 em La Cenerentola de Rossini. Seu tio Adolf era o intelectual da família, e na biblioteca dele Wagner adquiriu bastante cultura. Passou um tempo com o tio enquanto seu padrasto sofria de tuberculose.

Tudo que dizia respeito ao teatro enfeitiçava o jovem Wagner, que se sentia transportado da enfadonha realidade e da rotina da vida diária para um mundo de ilusão, mistério e fantasia intoxicante. Para esse garoto cheio de imaginação parecia haver algo de mágico até nos vestiários e armários de apetrechos cénicos. Foi aí também que um lado fortemente erótico da natureza dele foi despertado. O conteúdo dos guarda-roupas de suas irmãs actrizes "exercia uma sedução subtil, um tal charme sobre minha imaginação, que meu coração batia loucamente quando eu tocava um daqueles vestidos", segundo Wagner contaria mais tarde em sua autobiografia, Mein Leben.

Antes de morrer em 30 de novembro de 1821, Geyer já havia notado o talento musical de Wagner, ao ouvi-lo tocar no piano da casa. No entanto, é de se notar quão fragmentários, dispersos e desorientados foram seus estudos musicais nesses primeiros anos. Em 1822, Wagner entra em uma escola religiosa de Dresden. Sob influência de Goethe e de Shakespeare, nessa época escreveu a tragédia Leubald und Adelaide, com o nome Richard Geyer. Em 1825, Wagner começou a tomar lições de piano com um certo Humann. No ano seguinte, a família Geyer deixa-o estudando em Dresden e muda-se para Praga. Ainda em 1826, Wagner traduziu doze volumes da Odisséia a partir do grego antigo. Em 1827, ele e a família retornaram para Leipzig, onde havia uma excelente orquestra, a Gewandhaus. Foi ali que ele começou a nomear-se Richard Wagner, e onde entrou em contacto pela primeira vez com a música de Beethoven. A Sétima Sinfonia teve sobre ele um efeito indescritível. Em 1829 ele ouviu Wilhelmine Schröder-Devrient no Fidelio; ela havia sido admirada nesse papel pelo próprio Beethoven. A fascinação que Wagner sentiu por ela chegou às raias da obsessão. Segundo Wagner, ela era "uma artista como eu nunca vi igual sobre o palco". Ele mandou-lhe uma carta fervente de admiração, dizendo que se o mundo ainda ouvisse falar dele, seria graças a ela. Entre 1829 e 1830, Wagner começa a compor mais seriamente, incluindo duas sonatas para piano e um conjunto de cordas, seguidas de um arranjo para piano da Quinta Sinfonia.

Em 1828, Wagner começou a estudar harmonia com Christian Gottlieb Müller, músico da Gewandhaus. A partir de 1830, os estudos musicais de Wagner prosseguiram tomando lições de violino com Robert Sipp, também músico da Gewandhaus, e contraponto, fuga e os princípios da forma de sonata com Christian Theodor Weinlig, Cantor da Igreja de São Tomás de Leipzig, uma venerável instituição musical que já existia desde a época de Bach. Antes de completar dezenove anos, Wagner já tinha composto duas sonatas para piano (em ré menor e fá menor), um quarteto de cordas em ré maior, uma ária para soprano, duas aberturas. Em 1831, ele inicia os estudos na Universidade de Leipzig, encorajado por sua mãe. No ano seguinte, compôs uma sinfonia em dó maior, executada no mesmo ano pela orquestra da Gewandhaus, bem recebida. No mesmo ano Wagner começou a compor uma ópera, Die Hochzeit (As Bodas), baseada numa lenda medieval, mas como sua irmã Rosalie não gostou do libreto, Wagner destruiu o trabalho, restando apenas umas poucas páginas de música.

A primeira ópera completa de Wagner, Die Feen (As Fadas) foi completada em janeiro de 1834, mas só estreou em 1888, depois da morte do compositor. O procedimento de trabalho foi o mesmo que Wagner adotou no restante de sua carreira: um libreto em prosa, que depois era versificado, e por fim a partitura musical. O libreto era do próprio Wagner, baseado em La donna serpente de Carlo Gozzi, que o seu tio Adolf tinha traduzido para o alemão. Nessa época, Wagner entrou em contato com a música de Bellini, que ele passou a idolatrar como um verdadeiro deus da ópera. Wagner simplesmente adorava a Norma, I Capuleti e i Montecchi, e outros frutos da musa de Bellini. Também nessa época, o compositor torna-se amigo do novelista alemão Heinrich Laube. Num artigo de junho que ele escreveu para o Neue Zeitschrift für Musik, um jornal de Leipzig pertencente a Laube, ele chega mesmo a atacar a ópera alemã, com suas árias laboriosas, insossas e sem paixão, enquanto que as italianas são melodiosas, bem adequadas à voz, e agradáveis de se ouvir. Esse jornal foi o primeiro espaço aberto para os ensaios escritos por Wagner.

Em 1834, ofereceram a Wagner o cargo de regente no teatro de Magdeburgo. Durante a entrevista com o director do teatro na qual conseguiu este emprego, Wagner foi informado de que sua primeira tarefa seria reger Don Giovanni no próximo domingo. Provavelmente não haveria tempo para nenhum ensaio. Assim, Wagner estreou como regente, função na qual sua actuação sempre foi muito louvada. A paixão arrebatadora, o vigor e a energia com que ele regia, por exemplo, a Sétima Sinfonia de Beethoven conquistaram o púbico e a crítica. Quanto à Nona, desde a estreia daquela obra em 1824, ela tinha caído no esquecimento, considerada em toda parte como inexecutável. Foi Wagner quem deu nova vida àquela obra prima do mestre de Bonn.

A composição de Das Liebesverbot (Amor Proibido), segunda ópera de Wagner, ocupou o mestre durante todo o ano de 1835, tendo o libreto sido escrito pelo próprio Wagner no ano anterior. Ele sempre escreveu os libretos de suas próprias óperas, o que o torna uma excepção na história do drama musical, mas ele era egocêntrico demais, e a sua concepção artística abrangente demais para que ele pudesse confiar essa tarefa a outra pessoa, embora ele mesmo não se considerasse um grande poeta. Ainda em 1835, morre seu tio Adolf.

A primeira ópera de Wagner apresentada ao grande público, Das Liebesverbot estreou na condução do próprio autor a 29 de março de 1836 e foi um fracasso de proporções colossais, que abriu um rombo gigantesco nas já combalidas finanças do compositor. Wagner vivia Tinha um apetite insaciável pelas coisas luxuosas, os móveis em estilo requintado, as roupas finas e os perfumes. Ele dava festas sumptuosas para seus amigos e era um grande esbanjador. Wagner viveu sempre assim, pedindo dinheiro emprestado e fugindo dos seus credores, até que ele conheceu Luís II, rei da Baviera, que foi quem o salvou dos apuros financeiros.

A 24 de novembro de 1836, Wagner casou-se com Christine Wilhelmine "Minna" Planer, uma actriz filha de um mecânico que ele conhecera em Magdeburgo dois anos antes. Esse casamento não foi feliz. O temperamento doméstico e burguês de Minna e o seu baixo nível de cultura faziam dela uma companheira inadequada para o génio extravagante e inquieto que era Richard Wagner.

Em fins de 1836 os débitos de Wagner tinham-se acumulado a tal ponto que ele corria o risco de ir parar na prisão por dívidas. Os seus credores estavam espalhados por toda a Alemanha, e a única solução que ele teve foi fugir do país. Através de um amigo, Louis Schendelmeisser, que conhecia o director do teatro de Riga, na Letônia, Karl von Holtei, Wagner conseguiu ser nomeado regente do teatro daquela cidade, onde vivia uma considerável colónia de alemães. E foi para lá que ele partiu, chegando nessa cidade portuária do mar Báltico no começo de setembro de 1837.

Em Riga, Wagner teve sérios conflitos com o director da ópera, Karl von Holtei. Uma das razões foi a escolha do repertório, mas houve também desavenças pessoais. Circulavam rumores na cidade a respeito do homossexualismo de Holtei, e para calar esses rumores, ele fingia interessar-se por várias damas da companhia. Wagner tinha persuadido Minna a abandonar a carreira teatral, e ficou irritado com as tentativas persistentes de Holtei de atraí-la de volta para o teatro. Quando Wagner soube que Holtei estava visitando Minna na sua ausência, e que ele a havia apresentado a um bonito rapaz, um comerciante local, as relações entre o regente e o director tornaram-se abertamente hostis. No final de 1838 a companhia deveria apresentar-se em Mitau. Wagner apanhou um resfriado muito forte, mas mesmo assim Holtei insistiu para que ele viajasse junto com os outros. O teatro no qual Wagner teve que trabalhar em Mitau era gelado, e o que era um simples resfriado transformou-se numa febre tifóide, que pôs em risco a vida do compositor.

Quando a companhia regressou a Riga, Holtei foi forçado a abandonar a cidade, pois os rumores suscitados pela sua escandalosa reputação atingiram um ponto de saturação. Um novo director foi nomeado, mas a direçcão do teatro também decidiu despedir Wagner, por considerá-lo um sério risco, já que ele poderia ser preso por dívidas a qualquer momento. A situação tornou-se insustentável para Wagner, que praticamente teve que fugir de Riga para escapar dos seus credores. Ele não tinha sequer um passaporte, que lhe havia sido negado pelas autoridades a mando dos credores justamente para prevenir tal fuga.

Indo por mar até Londres, Wagner seguiu para Paris, onde foi tentar a sorte. Mas a cidade estava dominada naquela época por uma figura gigantesca: o compositor judeu-alemão Giacomo Meyerbeer. Além de ser grande compositor, Meyerbeer era também um astuto homem de negócios. Com seus espectáculos grandiosos e calculados exatamente para satisfazer o gosto do público, ele mantinha o monopólio da bilheteira da Ópera de Paris.

As tentativas de Wagner de encenar Das Liebesverbot em Paris fracassaram, e as suas dívidas se acumularam, culminando na sua prisão por dívidas em outubro de 1840. Foi na prisão que Wagner terminou a partitura da sua terceira ópera, Rienzi, que ele começara em Riga. Assim que saiu da prisão, porém, Wagner já tinha na cabeça a ideia de uma outra ópera, Le Vaisseau Fantôme (O Navio Fantasma), e começou a compô-la imediatamente. Uma das primeiras inspirações foi a própria viagem até Paris, em que, em certo momento, o compositor embarcou num velho navio, enfrentando uma terrível tempestade. A situação fez Wagner lembrar da lenda do "Holandês Maldito". A partitura ficou pronta a 19 de novembro de 1841.

Nos últimos meses em Paris, Wagner conseguiu ganhar algum dinheiro fazendo arranjos de partituras de óperas de Donizetti para canto e piano. Essa estadia de Wagner na capital francesa não foi um desastre total. Ele foi apresentado a Liszt, a Berlioz, e a Meyerbeer. A reacção do famoso mestre em relação ao jovem compositor não foi hostil. Meyerbeer fez tudo que pode para ajudar Wagner, escrevendo cartas de recomendação a vários teatros da Alemanha. Em março de 1841, Meyerbeer escreveu o seguinte ao director da ópera de Dresden, numa carta complementar à partitura completa de Rienzi que Wagner mandara ao mesmo director:

"Herr Richard Wagner de Leipzig é um jovem compositor que tem não somente uma sólida educação musical mas também muita imaginação; além disso ele tem uma ampla cultura literária e a sua situação merece a simpatia de seu país natal em todos esses aspectos. O seu grande desejo é ter sua ópera "Rienzi" representada em Dresden. Eu achei algumas partes que ele tocou para mim dessa obra cheias de imaginação e considerável efeito dramático".

Wagner escreveu-lhe em agradecimento:
"Que Deus lhe dê alegria em todos os dias de sua linda vida e preserve os seus olhos de todo o pesar é a prece sincera do seu mui devotado discípulo e servidor, Richard Wagner".

Em abril de 1942, ele e sua esposa deixaram Paris, levando consigo toda a sua música e os ainda inacabados manuscritos de Le Vaisseau Fantôme.

Graças à influência de Meyerbeer, Wagner conseguiu estrear Rienzi no Teatro da Corte de Dresden a 20 de outubro de 1842 com grande sucesso, e logo depois foi nomeado Kapellmeister ou director artístico e regente do mesmo teatro. Ou seja, uma espécie de "rei" da vida musical na cidade. O cargo era vitalício e o salário muito bom. Em 2 de janeiro do ano seguinte é estreado Der fliegende Hollände (o agora acabado Le Vaisseau Fantôme). Também em Dresden estreou mais uma ópera de Wagner, Tannhäuser em 19 de outubro de 1845, com pouco sucesso. A obra havia sido completamente escrita na cidade, e terminada em 13 de abril.
Numa ida para Berlin encontrou Mendelssohn. Nessa época também visitou Albert, um dos seus irmãos, cuja filha Johanna desempenhou o papel de Elisabeth em Tannhauser.

Nessa época, o compositor interessa-se cada vez mais pelo drama grego, em particular pela trilogia Oresteia de Ésquilo. Para a criação de Lohengrin o autor leu os clássicos gregos. Começou a associar a qualidade dos dramas com os mitos dos povos, e considerou que poderia realizar o mesmo processo em relação às lendas germânicas assim como os gregos. Wagner descobriu a obra de Jacob Grimm, e passou a estudar épicos alemães e a mitologia nórdica. Um de seus escritores favoritos era o poeta Wolfram von Eschenbach, cuja obra Parzival serviu de inspiração para duas de suas obras, Lohengrin e Parsifal. A primeira teve seu libreto terminado em novembro de 1845, e a obra foi completada em 28 de abril de 1848. Nessa obra, Wagner desenvolve o conceito da "melodia contínua".

Se quisesse, em Dresden, Wagner poderia levar uma vida tranquila e livre de preocupações financeiras, totalmente dedicado à sua arte. E seria isso que teria acontecido se ele não se tivesse metido em política. Tudo começou quando Wagner tentou introduzir uma série de reformas na orquestra do teatro, cujo principal objectivo era melhorar o desempenho dos músicos a um nível que lhe satisfizesse. Os salários eram baixos, e os músicos forçados a trabalhar demais, com prejuízo da saúde e queda no nível de qualidade. Uma das primeiras coisas que Wagner notou foi a discrepância enorme entre os salários irrisórios dos músicos da orquestra e as somas exorbitantes angariadas por certos cantores solistas com muito menos talento musical; essa anomalia ele estava disposto a corrigir. Músicos velhos deveriam ser aposentados, e instrumentos velhos substituídos por outros novos. O sistema de promoção deveria ser baseado no talento musical, não no tempo de serviço. Ao insistir nessas reformas, Wagner passou a ser muito mal visto pelos seus superiores.

Em fevereiro de 1848, no mesmo mês em que Marx e Engels publicaram o Manifesto do Partido Comunista, estourou em França a revolução que depôs Luís Filipe, o rei burguês. Aos gritos de liberté, égalité, fraternité, sublevações estouraram por toda a Europa contra as monarquias absolutas. Na Itália e na Alemanha alguns dos revoltosos tinham por objectivo a unificação dos respectivos países. Wagner também ficou entusiasmado pelos ideais revolucionários. De repente, a música passou para segundo plano nas suas preocupações imediatas e a política para o primeiro. No mesmo ano, o agitador anarquista russo Mikhail Bakunin refugiou-se em Dresden, e ele e Wagner  uniram-se em estreita amizade. Somente numa sociedade alemã totalmente transformada Wagner podia ver a possibilidade de realização dos seus ideais. Os ideais de Wagner nessa época eram fortemente anarquistas, e ele odiava a pomposidade e a perversidade da corte de Dresden. Ele sonhava com a criação de uma nova sociedade alemã, na qual o Volk encontraria expressão numa nova cultura alemã. Movido por esses ideais, Wagner entrou para o Vaterlandsverein, um partido político fundado em março de 1848 para lutar pelo estabelecimento da democracia. Lá, Wagner, Bakunin e outros revolucionários discutiam revolução, republicanismo, socialismo, comunismo e anarquismo.

Sua mãe faleceu em 9 de janeiro de 1848. Em junho, Wagner juntou-se à Guarda Comunal Revolucionária e publicou dois poemas revolucionários e um artigo. O primeiro desses poemas, Gruss aus Sachsen an die Wiener (Saudações Saxãs aos Vienenses) felicitava os austríacos por terem forçado seu imperador a fugir, e incitava os saxões a seguirem o exemplo. O segundo, Die alte Kampf ist's gegen Osten (A Velha Luta é contra o Leste) conclamava a uma cruzada contra a Rússia reacionária. No artigo intitulado "Que relação existe entre a empreitada republicana e a monarquia?", Wagner descreve a nova utopia saxónica que surgiria após a queda da monarquia, com sufrágio universal, um exército do povo, congresso unicameral e uma nova economia burguesa.

A 8 de maio de 1849 Wagner publicou um artigo anónimo no Volksblätter intitulado "A Revolução". Era um texto altamente inflamatório, glorificando a deusa Revolução. Apesar de anónimo, ninguém parecia ter dúvidas a respeito da autoria.

A 1 de abril Wagner regeu uma apresentação pública da Nona Sinfonia de Beethoven. No final da apresentação Bakunin levantou-se do meio da plateia, apertou a mão de Wagner e disse bem alto para que todos ouvissem que, se toda música que já foi escrita se fosse perder na conflagração mundial que estava para acontecer, esta sinfonia pelo menos teria que ser salva.

A 3 de maio de 1849 o rei da Saxónia recusou as exigências dos democratas e ordenou que a Guarda Comunal se dissolvesse. Numa reunião extremamente exaltada que se seguiu na mesma tarde, os membros do Vaterladsverein decidiram oferecer resistência armada às autoridades, que contou com a participação de Wagner. Ele correu à casa do tenor Tichatschek e persuadiu a aturdida esposa do tenor a entregar as armas que seu marido guardava em casa; a seguir foi inspeccionar as barricadas. Tropas prussianas estavam a caminho da cidade, a fim de esmagar a revolução. Wagner tomou posse das impressoras do Volksblätter e mandou imprimir panfletos revolucionários, ao mesmo tempo que mandava o seu amigo Semper inspecionar as barricadas e mandava comprar granadas. Wagner passou a sexta-feira 4 de maio junto com Bakunin. No dia seguinte as primeiras tropas prussianas entraram em Dresden, e havia lutas pela cidade toda. Wagner subiu à torre da Kreuzkirche, que era utilizada pelos rebeldes como um excelente ponto de observação. De lá, ele lançou mensagens atadas a pedras a Heubner e Bakunin sobre os movimentos das tropas inimigas. Wagner passou a noite na torre, sob bombardeio contínuo das tropas prussianas. No dia seguinte ele escapou, foi até à sua casa e fugiu com Minna para a cidade de Chemnitz (antes Karl-Marx-Stadt), para deixá-la em lugar seguro; mas para horror dela, ele resolveu voltar para o centro da revolta. Em Dresden havia lutas casa a casa, e na prefeitura ocupada pelo rebeldes, os homens estavam desanimados e exaustos após seis noites sem dormir. Wagner foi despachado para Freiberg para chamar reforços. Mas antes que Wagner pudesse retornar a Dresden com reforços de tropas a revolução já tinha sido esmagada.

Wagner juntou-se a Heubner e Bakunin a caminho de Freiberg e sugeriu que eles montassem um governo provisório em Chemnitz. Naquela noite, Wagner e Bakunin dormiram no mesmo sofá. Quando Wagner acordou, Bakunin e Heubner tinham fugido. Wagner correu para onde estava Minna, e os dois rapidamente abandonaram o país.

Os líderes da revolta, Bakunin, Otto Leonhardt Heubner e August Röckel foram condenados à morte (mais tarde as sentenças foram comutadas em prisão perpétua), e se Wagner ousasse pôr os pés em qualquer território alemão teria o mesmo destino, já que os monarcas absolutistas estavam todos unidos contra ele. Wagner viu-se então obrigado a passar onze anos fora da Alemanha. Foi um exílio amargo para o compositor. Ele não gostava de Londres, de Paris nem da Suíça, falava mal o francês e achava duro suportar a vida fora da Alemanha.

A rota de fuga passava por Weimar, onde Liszt acolheu Wagner e Minna por alguns dias. Liszt deu algum dinheiro a Wagner e aconselhou que ele fosse para Paris, enquanto Minna ficaria com Liszt. Wagner despediu-se então com grande emoção da esposa e do amigo e seguiu às pressas para a capital francesa, seguindo uma rota sugerida por Liszt que passava pela Suíça e era menos provável que fosse vigiada pela polícia.

Um dia em Paris Wagner entrou na loja Schlesinger de partituras e instrumentos musicais e viu que Meyerbeer estava lá. Ao ouvir a voz de Wagner, Meyerbeer se escondeu atrás de uma cortina, mas Wagner o puxou de lá; mas Meyerbeer, bastante embaraçado, não queria conversar nem ser visto na companhia do notório revolucionário fugitivo, o que é bastante compreensível; afinal de contas, Meyerbeer era na época Oficial da Corte Real da Prússia.

Após essa curta estadia em Paris, Wagner seguiu para a Suíça, onde passaria a maior parte dos seus anos de exílio, principalmente em Zurique. Sua esposa juntou-se a ele meses mais tarde. Apesar de exilado, as óperas de Wagner continuavam sendo representadas na Alemanha e continuavam rendendo-lhe dinheiro, o que não impedia que o compositor continuasse cheio de dívidas, devido aos seus hábitos perdulários.

Minna estava cada vez mais rabugenta. Apenas seis meses depois de casados eles já haviam se separado e pensado em se divorciar. Depois reuniram-se de novo, mas as brigas, separações e reuniões continuaram. Ela não aprovava de maneira nenhuma o comportamento do marido, e nunca o perdoou pelo seu envolvimento na revolução de Dresden, que destruira para sempre os seus sonhos de uma vida segura como a esposa de um Kapellmeister. Em outubro de 1848, já iniciara o trabalho na gigantesca saga O Anel do Nibelungo, um trabalho hercúleo cuja criação poética e composição musical consumiriam ao todo 26 anos da vida do compositor.
Em outubro de 1850 Otto Wesendonck, um rico empresário, parceiro numa firma de seda de Nova Iorque, chegou a Zurique com sua jovem esposa Mathilde. Wagner conheceu o casal, e se encantou com a jovem e bela Mathilde, sua sensibilidade poética e gosto pela música. Otto também era um homem de grande cultura e refinamento, e passou a ajudar Wagner de muitas maneiras, inclusive financeiramente. Iniciou-se uma abundante troca de correspondência entre Wagner e os Wesendoncks. No mesmo ano são publicados os artigos Die Kunst und die Revolution em fevereiro e Das Judentum in der Musik em setembro. Já no início do ano seguinte é publicado o artigo Oper und Drama, em que o compositor define a ópera como uma globalidade, e não somente música e teatro.

Em 1857 os Wesendoncks construíram uma mansão próxima ao lago de Zurique, num lugar chamado "Montanha Verde". Nos seus magníficos jardins foi construída uma segunda casa, que Mathilde batizou de Asyl (refúgio), que seria segundo ela "um verdadeiro refúgio de paz e amizade"; Otto propôs que Wagner fosse morar lá junto com Minna. Wagner aceitou o convite, agradecido; há muito tempo que ele estava à procura de um lugar isolado e calmo onde ele pudesse compor em paz. Minna cuidaria da casa, e a perspectiva de viver a poucos metros de distância da sua Musa encantava Wagner. Quanto à relação que existia entre Wagner e Mathilde, Otto sabia de tudo e não se importava. Só Minna não sabia de nada.

Entre novembro de 1857 e 1 de maio de 1858 Wagner compôs cinco canções para voz e piano sobre poemas de autoria de Mathilde, chamadas de Wesendonck Lieder, que foram orquestradas mais tarde. A paixão entre eles é clara no texto dessas canções. Nessa mesma época, Wagner interrompeu a composição de Siegfried (Das Rheingold e Die Walküre já haviam sido compostas) e começou a compor Tristan und Isolde. Wagner não voltaria a trabalhar no Anel durante sete anos.

Todas as noites no Asyl havia serões filosófico-literário-musicais nos quais se discutia interminavelmente Schopenhauer, budismo, abstrações intelectuais e as bases filosóficas da arte. Minna também era convidada, mas era praticamente ignorada. Minna se sentia humilhada e insultada por essa mulher brilhante e atraente que toda manhã vinha conversar com o seu marido, dirigindo-lhe quando muito uma ou outra frase condescendente. Minna estava ciente de que sua própria beleza estava se esmaecendo, e tomava ópio e outras drogas para aliviar os sintomas de um mal cardíaco que a acometia. Wagner via a sua relação com Mathilde como uma espécie de comunhão espiritual entre duas almas gémeas que se entendiam perfeitamente e compartilhavam os mesmos ideais de arte e cultura.
Uma certa manhã de abril de 1858, Minna viu um empregado sair de sua casa carregando uns rolos de papel. Ela deteve-o e examinou o que ele estava carregando. Havia papel de música escrita por Wagner, o esboço do prelúdio de Tristão e Isolda e, junto com este, uma carta de amor de Wagner a Mathilde. Aquilo que Minna já suspeitava agora estava confirmado. Ela entrou intempestivamente no quarto onde estava Wagner e esfregou a carta na cara dele. Ele pediu a ela que se acalmasse e não fizesse escândalo. A seguir, Minna foi ter com Mathilde e, proferindo impropérios, esfregou a carta na cara dela também. O escândalo foi tão grande que Wagner e Minna foram obrigados a deixar o Asyl. Enquanto ela voltou para a Saxónia, ele partiu para Veneza. Wagner e Minna separaram-se, dessa vez em definitivo, e o divórcio veio logo depois. Minna nunca foi capaz de entender o seu marido; ela é o modelo de Fricka em Die Walküre.

De Veneza, Wagner foi expulso em março de 1859, voltando para Zurique, e estabelecendo-se em Lucerna. Em agosto ele terminou a partitura de Tristão e Isolda. No fim de ano, ele foi a Paris, passando vários meses naquela cidade, convidado pelo próprio imperador Napoleão III a montar Tannhäuser. Assim Wagner conseguiu pala primeira vez realizar o seu sonho de montar uma ópera sua em Paris, mas o espetáculo terminou em tumulto, com vaias, apupos e manifestações de desapreço ao compositor alemão. Wagner atribuiu grande parte dessas agitações aos discípulos de Meyerbeer que, segundo ele, vieram estragar o seu espectáculo. O famoso ensaio de Wagner, Das Judentum in der Musik (O Judaísmo na Música) é em parte um ataque contra Meyerbeer.

Ainda em março de 1857 o embaixador brasileiro em Leipzig apareceu inesperadamente em Zurique trazendo uma mensagem para Wagner. Sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador do Brasil, estava muito interessado no trabalho de Wagner, e queria que ele fosse para o Rio de Janeiro. Wagner ficou tão surpreso, ele não podia acreditar. Mandou partituras ricamente encadernadas e autografadas de O Navio Fantasma, Tannhäuser e Lohengrin para o Brasil, e ficou aguardando uma resposta. Passaram-se muitos meses, e a resposta não veio. Wagner pensou que tinha sido alvo de uma brincadeira. Só muitos anos mais tarde, quando o próprio Pedro II compareceu para cumprimentá-lo pessoalmente no primeiro Festival de Bayreuth, é que Wagner ficou sabendo que o interesse do imperador na sua obra era verdadeiro.

Ainda hoje pode-se ver marcado no livro de visitas do hotel em Bayreuth marcado modestamente: Nome: Pedro II Ocupação: imperador. É de se especular por que Wagner ficou esperando uma resposta e não obteve nenhuma; mas o mais provável é que, por maior que fosse o interesse de Pedro II em trazer Wagner para o Brasil, os seus ministros tenham-no dissuadido. Afinal de contas, não devemos esquecer-nos de que Wagner na época era considerado um revolucionário criminoso, procurado pela polícia na própria Alemanha.

Nos seus onze anos de exílio Wagner tentou várias vezes obter amnistia junto do rei João da Saxónia, mas em vão. Em 1860, finalmente, a amnistia foi concedida, e Wagner pode entrar de novo em território alemão. No final de 1861 ele retoma a obra Die Meistersinger von Nürnberg, terminando o libreto no final de janeiro do ano seguinte. Entretanto, Wagner estava numa situação ruim, marcada por viagens e dívidas. Chegou a esconder-se em Stuttgart entre março e abril de 1864.

Entretanto, em 10 de março, Luís II torna-se rei da Baviera com apenas dezenove anos de idade, com a morte de seu pai, o rei Maximiliano II. O novo rei era alto, forte e bonito; tinha gosto requintado, era grande apreciador das artes, e fervoroso admirador de Wagner e sua música. Uma das primeiras coisas que o rei fez assim que subiu ao trono foi mandar chamar Richard Wagner à sua corte, que foi recebido em 4 de maio.

Luís II era homossexual, mas a atracção que ele sentia por Wagner era espiritual, não física. Era o génio musical que ele admirava. Entretanto, livros, artigos e até mesmo filmes (como Ludwig de Visconti) têm aparecido aventando uma possível relação homossexual entre Wagner e Luís.

O rei assumiu todas as dívidas de Wagner e concedeu-lhe uma pensão de quatro mil florins por ano, suficiente para viver luxuosamente. Wagner passou a residir então numa mansão chamada Villa Pellet, próxima à residência de verão do rei, Castelo de Berg junto ao lago Starnberger (onde posteriormente Luís II morreu afogado). Todos os dias a carruagem real vinha buscar o compositor para levá-lo ao palácio, onde ele passava horas de puro arroubamento discutindo arte com o rei.

No verão de 1864 chegaram à Villa Pellet Hans von Bülow, o regente, pianista e grande amigo e admirador de Wagner, que havia regido várias das suas óperas, e sua esposa Cosima, a filha de Franz Liszt, que Wagner conhecera quando ela era ainda criança. O casal ficou hospedado na residência de Wagner e, pouquíssimo tempo mais tarde, Cosima estava grávida, mas não de Hans. O regente, bastante doente naquela época, pode não ter percebido muito bem o que estava acontecendo, mas quando ele deu por si já era tarde demais. Sua esposa Cosima e Wagner estavam apaixonados. O pai de Cosima achou essa relação abominável. Ele deprimiu-se mais ainda quando Cosima contou que queria se converter ao protestantismo para se casar com Wagner. Cosima conseguiu obter o divórcio de Bülow em 1870. Wagner recebera a notícia da morte de Minna em Dresden quatro anos antes. Wagner e Cosima casaram-se a 25 de agosto de 1870.

Em 1865, as vultosas somas que o rei da Baviera estava gastando com Wagner, sem falar no controle que o compositor exercia sobre a política do reino através do seu amigo, causaram uma crise constitucional que pôs a perigo a coroa de Luís II. O rei não teve nenhuma solução senão banir Wagner da Baviera em 6 de dezembro. Com Cosima, Wagner foi então se estabelecer em Tribschen na Suíça, mas a generosa pensão de Luís II continuou a ser paga.

Wagner e Cosima estavam jantando tranqüilamente na sua residência de Tribschen quando chegou uma carta de Luís, a 15 de maio de 1866. O rei estava disposto a renunciar ao trono e abandonar tudo para ir viver junto a Wagner. A situação era delicada. Com muito tacto, Wagner e Cosima escreveram lhe dizendo que, se o rei cometesse essa loucura, Wagner perderia sua pensão, jogando a todos numa situação calamitosa. Wagner aconselhou-o que fosse paciente, se dedicasse aos seus deveres para com a nação, e o deixasse criar suas obras em paz. A situação política era alarmante. Como parte dos planos de Bismarck para a unificação alemã, a Prússia estava prestes a declarar guerra à Áustria. A Baviera teria que escolher um dos lados nessa guerra. Escolheu o lado da Áustria, que foi derrotada. Mas Bismarck permitiu que Luís II conservasse a sua coroa.

Em 1868 Wagner travou amizade com Nietzche, então professor de filologia na Basiléia, que passou a freqüentar assiduamente a sua casa de Tribschen. Os dois encontraram-se no fim do ano em Leipzig. A relação com Nietzsche foi muito especial na vida de Wagner, já que Nietzsche era seu fiel admirador e via neste a possibilidade de uma cultura superior, de total afirmação à vida. No entanto, essa relação especial acabou em mútua desilusão, na medida em que Nietzsche passou a desacreditar a cultura como forma de emancipação e perseguir uma ética como estética da existência. Um dos pontos de desinteresse de Nietzsche pela obra do compositor eram os frequentes pontos em comum com a temática e as preocupações cristãs.

O ciclo do Anel do Nibelungo ainda não estava completo, mas a estreia de Das Rheingold se deu em Munique a 22 de setembro de 1869 sob o patrocínio de Luís II, contra a vontade de Wagner, que planejava guardar a estreia para o novo teatro que ele estava planejando construir em Bayreuth. No acordo que Wagner havia assinado com o rei da Baviera, contudo, Luís era proprietário de todas as partituras, com direito a encená-las onde bem entendesse.
A estreia de A Valquíria deu-se no mesmo Teatro da Corte de Munique, a 26 de junho de 1870, também contra a vontade de Wagner, que não esteve presente nessa estreia e nem na anterior. No auditório estavam presentes Liszt, Brahms, Saint-Saëns e o violinista Joseph Joachim. O país estava num clima de guerra, e o público adorou as donzelas guerreiras de Wagner. O público reagiu com aplausos e ovações ao grito de batalha de Brünnhilde, e às palavras de Wotan denn wo kühn Kräfte sich regen, da rat' ich offen zum Krieg ("Quando poderes audaciosos se enfrentam, eu geralmente aconselho a guerra"), o público todo se levantou e aplaudiu, transformando o espectáculo num verdadeiro espetáculo de chauvinismo germânico, para embaraço de alguns franceses presentes, entre eles Saint-Saëns.

A guerra entre a França e a Prússia estourou a 19 de julho; desta vez todos os estados alemães estavam unidos com a Prússia, inclusive a Baviera. A guerra terminou com a proclamação do Império Alemão (Segundo Reich). A Luís II foi permitido preservar a sua coroa, assim como a outros príncipes alemães, mas agora submetidos ao Rei da Prússia (Kaiser ou Imperador Alemão).

Cosima revelou-se uma companheira muito mais compreensiva do que Minna. Ela era uma mulher refinadíssima, e não era para menos; afinal de contas, ela era filha de Franz Liszt. Mesmo as relações de Wagner com outras mulheres não a apoquentavam; ela conhecia a alma do marido, sabia do que ele precisava. Havia entre eles uma fidelidade profunda, nascida de uma verdadeira adoração de Cosima pelo deus Richard Wagner. Os dois chegaram até mesmo a fazer um pacto: quando Wagner morresse, ela morreria junto com ele, "numa espécie de eutanásia", o que lembra o final de Tristão e Isolda. Lembra também o duplo suicídio de Hitler e Eva Braun no porão da chancelaria de Berlim em abril de 1945, ou Brünnhilde se jogando sobre a pira funerária de Siegfried.

Há muito tempo que Wagner sonhava com a construção de um teatro que fosse uma meca, um centro de peregrinação para os amantes de sua arte de todo o mundo. Luís II, que tinha paixão pela arquitectura e adorava construir majestosos castelos e sumptuosos palácios, apoiava Wagner nesse projecto. Mas as finanças do reino estavam combalidas pela guerra, e havia forte oposição política a mais esse projecto nababesco. Houve, portanto, dificuldades de financiamento. Wagner recebeu propostas de Londres, Chicago, e até mesmo de Pedro II, imperador do Brasil, que lhe ofereciam ajuda e um local para a construção do teatro, mas no final ele acabou escolhendo Bayreuth. Vários motivos o levaram a fazer essa escolha. A cidade ficava na Baviera, mas próxima à fronteira norte, ocupando uma posição geográfica próxima ao centro do território alemão. Não havia lá nenhuma temporada teatral regular, nenhum spa ou centro turístico por perto; ou seja, nada para desviar a atenção ou concorrer com o seu festival. E as autoridades certamente apoiariam um projecto que traria novo comércio e daria nova vida ao local. O único defeito da cidade — mas isso Wagner só descobriria mais tarde — era ser demasiado chuvosa.

Wagner criou um sistema de financiamento em que ricos patrocinadores do mundo inteiro comprariam Patronatscheine, cédulas de patrocínio que dariam direito a poltronas durante o festival. Houve poucas vendas, e o esquema falhou. O projecto arrastou-se por vários anos até que Luís II, juntamente com a Duquesa Helena da Rússia, o Sultão da Turquia e o Quediva do Egito vieram em socorro de Wagner.

A 21 de novembro de 1874 Wagner colocou a dupla barra final na partitura de Götterdämmerung. A composição do Anel estava finalmente terminada.

A 13 de agosto de 1876 teve início o primeiro Festival de Bayreuth. Uma verdadeira galáxia de celebridades do mundo inteiro se deslocou para Bayreuth para assistir ao evento. Entre eles, podemos citar: Guilherme I, Imperador da Alemanha; Pedro II, Imperador do Brasil; Luís II, Rei da Baviera; Friedrich Nietzsche e sua irmã Elizabeth; entre os compositores: Franz Liszt, Camille Saint-Saëns, Anton Bruckner, Pyotr Ilyich Tchaikovsky.

A composição de Parsifal, a última ópera de Wagner, foi iniciada em Bayreuth em agosto de 1877, e terminada a 13 de janeiro de 1882. Estreou a 30 de julho do mesmo ano. Nessa época ele já desenvolve um problema cardíaco, sofrendo seu primeiro ataque cardíaco.

Nos últimos anos de vida, Wagner adquiriu o hábito de ir passar todos os invernos na Itália; ele sempre detestou o frio. Em setembro de 1882 ele deixou Bayreuth pela última vez e foi para Veneza com a mulher e os filhos, e lá se instalou no Palazzo Vendramin, então propriedade do Duque della Grazia. A família Wagner ocupou uma suíte de dezoito aposentos, que ele decorou magnificamente e mandou borrifar de perfumes delicados. Iam visitá-lo Liszt, o regente judeu Hermann Levi (o primeiro a reger Parsifal), o pianista judeu Joseph Rubinstein (assistente musical de Wagner desde 1872), o pintor judeu Paul Jukovsky — durante toda a sua vida, Wagner sempre teve muitos amigos judeus — o compositor Engelbert Humperdinck. Wagner e Cosima liam os seus autores predilectos: Shakespeare, Goethe, Schiller e Calderón de la Barca. Às vezes Wagner tocava ao piano alguma fuga de Bach.

Na última visita que fez a Wagner, a 13 de janeiro de 1883, Liszt tocou uma peça que compôs de improviso, La Gondole Lugubre. A peça configura a procissão de uma gôndola fúnebre pelos canais de Veneza. Parece que Liszt pressentia que esta seria a sua última visita. Exactamente um mês mais tarde, em 13 de fevereiro, Wagner morreu subitamente de um ataque cardíaco, nos braços de Cosima e cercado pelos filhos. O seu funeral foi realizado em Bayreuth.

Após a morte de Wagner, a direcção do Festival de Bayreuth passou para a sua viúva, Cosima. Ela renunciou em 1906, e o seu filho Siegfried assumiu a direcção. Cosima e Siegfried morreram ambos em 1930, e a direcção do festival passou então para a viúva de Siegfried, Winifred Wagner. Winifred era nazi e muito amiga de Adolf Hitler, por isso no final da guerra ela foi condenada à prisão e afastada da direcção do teatro; assumiram então os seus dois filhos, Wieland e Wolfgang. Entretanto, Wieland morreu em 1966, e Wolfgang continuou no cargo até 2008, quando deixou o cargo.

OBRA
Les Adieux de Marie Stuart, WWV 61
Albumblatt für Frau Betty Schott, WWV 108
Ankunft bei den schwarzen Schwänen, WWV 95
L'Attente, WWV 55
Les Deux Grenadiers, WWV 60
Dors, mon enfant, WWV 53
Eine Faust-Ouvertüre, WWV 59
Eine Sonate für das Album von Frau M.W., WWV 85
Fantasia in F-sharp minor, WWV 22
Die Feen, WWV 32
Der fliegende Holländer, WWV 63
5 Gedichte für eine Frauenstimme, WWV 91
Götterdämmerung, WWV 86D
Großer Festmarsch, WWV 110
Gruß seiner Treuen an Friedrich August, WWV 71
Huldigungsmarsch, WWV 97
In das Album der Fürstin Metternich, WWV 94
Kaisermarsch, WWV 104
7 Kompositionen zu Goethes Faust, WWV 15
Das Liebesverbot, WWV 38
Lohengrin, WWV 75
Die Meistersinger von Nürnberg, WWV 96
Mignonne, WWV 57
Parsifal, WWV 111
Piano Sonata in A, WWV 26
2 Polonaises, WWV 23
Das Rheingold, WWV 86A
Rienzi, der Letzte der Tribunen, WWV 49
Der Ring des Nibelungen, WWV 86
Romanze
Siegfried, WWV 86C
Siegfried-Idyll, WWV 103
Der Tannenbaum, WWV 50
Tannhäuser, WWV 70
Tout n'est qu'images fugitives, WWV 58
Tristan und Isolde, WWV 90
Die Walküre, WWV 86B

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=WjGb1TfO0eE

sábado, 27 de março de 2010

VIVALDI, ANTONIO

Antonio Lucio Vivaldi (Veneza, 4 de março de 1678 — Viena, 28 de julho de 1741) foi um compositor e músico italiano do estilo barroco tardio. Tinha a alcunha de il prete rosso ("o padre vermelho") por ser um sacerdote de cabelos ruivos. Compôs 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É sobretudo conhecido popularmente como autor da série de concertos para violino e orquestra Le quattro stagioni ("As Quatro Estações").

Filho de Camila Calicchio e Giovanni Battista Vivaldi , era o mais velho de sete irmãos. Seu pai, um barbeiro, mas também um talentoso violinista (alguns chegam a considerá-lo como um virtuoso), ajudou-o a iniciar uma carreira no mundo da música, matriculando-o ainda pequeno, na Capela Ducal de São Marcos para aperfeiçoar os seus conhecimentos musicais e foi responsável pela sua admissão na orquestra da Basílica de São Marcos, onde se tornou o maior violinista do seu tempo. Em 1703, Vivaldi tornou-se padre. Em 1704, foi-lhe dada dispensa da celebração da Santa Eucaristia devido à sua saúde fragilizada (aparentemente sofreria de asma), tendo-se voltado para o ensino de violino num orfanato de meninas chamado Ospedale della Pietà em Veneza. Pouco tempo após a sua iniciação nestas novas funções, as crianças ganharam-lhe apreço e estima; Vivaldi compôs para elas a maioria dos seus concertos, cantatas e músicas sagradas. Em 1705 a primeira colecção (raccolta) dos seus trabalhos foi publicada. Muitos outros se lhe seguiram. No orfanato, desempenhou diversos cargos interrompidos apenas pelas suas muitas viagens. Em 1712 compôs o "Estro armonico", uma coleção de 12 concertos que repercutiu em toda a Europa e mais tarde teve seis obras transcritas por Bach, em 1713, tornou-se responsável pelas actividades musicais da instituição. Em paralelo com as suas actividades sacras, Vivaldi obteve permissão para apresentar no teatro de Santo Ângelo as suas primeiras óperas e alguns concertos: "Outtone in villa" e "Orlando Furioso" e entre outros concertos, "La Stravaganza". Em 1723 publicou o Opus 8, que contém "As Quatro Estações", sua obra mais conhecida.

Apesar do seu estatuto de sacerdote, é suposto ter tido vários casos amorosos,[carece de fontes?] um dos quais com uma de suas alunas, a cantora Anna Giraud, com quem Vivaldi era suspeito de manter uma menos clara actividade comercial nas velhas óperas venezianas, adaptando-as apenas ligeiramente às capacidades vocais da sua amante. Este negócio causou-lhe alguns dissabores com outros músicos, como Benedetto Marcello, que terá escrito um panfleto contra ele.

Johann Sebastian Bach foi deveras influenciado pelo concerto e Aria de Vivaldi (revivido nas sua Paixões e cantate). Bach transcreveu alguns dos concertos de Vivaldi para o cravo, bem como alguns para orquestra, incluindo o famoso Concerto para Quatro Violinos e Violoncelo, Cordas e Baixo Contínuo (RV580). Contudo, nem todos os músicos demonstraram o mesmo entusiasmo: Igor Stravinsky afirmou em tom provocativo que Vivaldi não teria escrito centenas de concertos mas um único, repetido centenas de vezes.

Apesar de todos os detractores e das críticas negativas que Vivaldi recebeu, o seu talento é inegável. Foi o compositor que inventou ou, pelo menos, estabeleceu a estrutura definitiva do concerto e da sinfonia. Foi o primeiro compositor a usar consistentemente a forma ritornelo nos seus concertos, como pode ser verificado em "As quatro estações". A sua facilidade na escrita era impressionante, escrevia tão rápido quanto a pena o permitia. Consta que demorava a escrever um novo concerto em menos tempo que um copista a copiá-lo.

A ressurreição do trabalho de Vivaldi no século 20 deve-se sobretudo aos esforços de Alfredo Casella, que em 1939 organizou a agora histórica Semana Vivaldi. Desde então, as composições de Vivaldi obtiveram sucesso universal, e o advento da "actuação historicamente informada" conseguiu catapultá-lo para o estrelato novamente. Em 1947 o empresário veneziano Antonio Fanna fundou o Istituto Italiano Antonio Vivaldi, cujo primeiro director artístico foi o compositor Gian Francesco Malipiero, com o propósito de promover a música de Vivaldi e publicar novas edições de seus trabalhos.

A música de Vivaldi, juntamente com a de Mozart, Tchaikovsky, Corelli e Bach foi incluída nas teorias de Alfred Tomatis sobre os efeitos da música no comportamento humano, e usada em terapia musical.

Vivaldi, tal como muitos outros compositores da época, terminou a sua vida na pobreza. As suas composições já não suscitavam a alta estima que uma vez tiveram em Veneza; gostos musicais em mudança rapidamente o colocaram fora de moda, e Vivaldi terá decidido vender um avultado número dos seus manuscritos a preços irrisórios, por forma a financiar uma migração para Viena. As razões da partida de Vivaldi para essa cidade não são claras, mas parece provável que terá querido conhecer Carlos VI, que adorava as suas composições (Vivaldi dedicou La Cetra a Carlos em 1727), e assumiu a posição de compositor real na Corte Imperial. Contudo, pouco depois da sua chegada a Viena, Carlos VI viria a morrer. Este trágico golpe de azar deixou o compositor desprovido da protecção real e de fonte de rendimentos. Vivaldi teve que vender mais manuscritos para sobreviver. Faleceu pouco tempo depois, no dia 28 de julho de 1741. Foi-lhe dada sepultura anónima de pobre (a missa de Requiem na qual o jovem Joseph Haydn[carece de fontes?] terá cantado, no coro). Igualmente desafortunada, a sua música viria a cair na obscuridade até aos anos de 1900.
 
OBRA
 
Óperas
L'Adelaide
Atenaide
Alvida, regina dei Goti
Agrippo
Aristide
Armida al campo d'Egitto
Arsilda, regina di Ponto
L'Atenaide o sia Gli affetti generos
Bajazet (Tamerlano)
La candace o siano Li veri amici
La costanza trionfante degli amori e degl'odii
Cunegonda
Doriclea
Dorilla in Tempe
Ercole su 'l Termodonte
Farnace
La fede tradita e vendicata
Feraspe
La fida Ninfa
Filippo re di Macedonia
Ginevra principessa di Scozia
Il giustino
Griselda
L'incoronazione di Dario
Gli inganni per vendetta
L'inganno trionfante in amore
Ipermestra
Motezuma
Nerone fatto Cesare
L'Olimpiade
L'Oracolo in Messenia
Orlando finto pazzo
Orlando furioso
Ottone in Villa
Rosilena ed Oronta
Rosmira
Scanderbeg
Semiramide
La Silvia
Siroe, re di Persia
Teuzzone
Tieteberga
Tito Manlio
La verità in cimento
La virtù trionfante dell'amore e dell'odio
Il giorno felice

Música instrumental

Concertos
12 concertos para violino
38 concertos para fagote
27 concertos para violoncelo
25 concertos para flauta doce ou flauta transversal
23 concertos para oboé
6 concertos para viola d'amore
1 concerto para mandolina
25 concertos duplos para dois violinos
4 concertos duplos para violino e violoncelo
3 concertos duplos para dois oboés
2 concertos duplos para dois trompas
1 concerto duplo para dois trompetes
1 concerto duplo para dois violoncelos
1 concerto duplo para viola d'amore e alaúde
1 concerto duplo para duas mandolinas
1 concerto duplo para duas flautas
1 concerto duplo para oboé e fagote
47 concertos para três ou mais instrumentos
concertos de câmara, nos quais todos os instrumentos têm carácter solista.
Opus 1, 12 sonatas para dois violinos e baixo contínuo (1705)
Opus 2, 12 sonatas para violino e baixo contínuo (1709)
Opus 3, L'Estro Armonico, 12 concertos para diversas combinações. Os mais conhecidos são o No. 6 para violino em Lá menor, o No. 8 para 2 violinos em Lá menor, e o No. 10 para 4 violinos em Si menor (1711)
Opus 4, La stravaganza, 12 concertos para violino (c. 1714)
Opus 5, (segunda parte do Opus 2), 4 sonatas para violino e 2 sonatas para 2 violinos e baixo contínuo (1716)
Opus 6, 6 concertos para violino (1716-21)
Opus 7, 2 concertos para oboé e 10 concertos para violino (1716-21)
Opus 8, Il cimento dell'armonia e dell'invenzione, 12 concertos para violino (os primeros 4, em Mi maior, Sol menor, Fá maior, e Fá menor são mundialmente conhecidos como As Quatro estações, o quinto em Mi bemol maior como Il Mare Tempestoso e o sexto em Dó maior como Il Piacere) (1725)
Opus 9, La cetra, 12 concertos (onze para violino e um para 2 violinos) (1727)
Opus 10, 6 concertos para flauta (c. 1728)
Opus 11, 5 concertos para violino, 1 concerto para oboé (o segundo em Mi menor, RV 277 é conhecido como Il Favorito) (1729)
Opus 12, 5 concertos para violino solo (1729)
Opus 13, Il pastor fido, 6 sonatas para musette, viola, flauta, oboé ou violino, e baixo contínuo (1737, obras falsas de Nicolas Chédeville)
Opus 14, 6 Sonatas para violoncelo e baixo contínuo (1740)

Música vocal

Cantatas
All'ombra d'un bel faggio
All'or che lo sguard
Amor hai vinto
Aure voi piu non siete
Del suo natio rigore
Elvira, Elvira anima mea
Era la notte
Fonti di pianto piangete
Geme l'onda che parte
Il povero mio cor
Indarno cerca la tortorella
La farfalletta s'aggira
Nel partir da te mio caro
Par che tardo
Scherza di fronda
Seben vivono senz'alma
Si levi dal pensier
Si si luce adorate
Sorge vermiglia in ciel
T'intendo si mio cor
Tra l'erbe, i zeffiri
Alla caccia, alla caccia
Care selve amici prati
Filli di gioia
Ingrata lidia hai vinto
Perfidissimo cor!
Piango, gemo, sospiro
Pianti, sospiri
Qual per ignoto
All'ombra di sospetto
Che giova il sospirar
Lundi dal vago
Perche son molli
Vengo a voi luci adorate
Amor hai vinto
Cessate omnai cessate
O mie porpore piu belle
Qual in pioggia dorata
La Gloria e Himeneo
Candida Lylia
Prendea con mandi latte
Cantata (sem nome) RV 796a
Cantata (sem nome) RV 799
Apurrusmunu (sem nome) RV 7999

Serenatas
Le gare del dovere
Le gare della giustitia e della pace
Mio cor povero cor
Il Mopso (Egloga pescatoria)
Questa Eurilla gentil
La Sena festeggiante
L'unione della Pace e di Marte
Andromeda Liberata

Motetes
Canta in prato
Carae rosae respirate
Clarae stellae, scintillate
In furore giustissimae irae
In turbato mare
Invicti bellate
Longe mala umbrae terrores
Nulla in mundo pax
O qui coeli terraeque
Sum in medio tempestatum
Vestro principi divino
Vos aurae per montes

Música sacra
Messe Sacrum (RV 586)
Kyrie (RV 587)
Gloria (RV 588)
Gloria (RV 589)
Gloria (RV 590)
Credo (RV 591)
Credo (RV 592)
Domine ad adiuvandum me festina (RV 593)
Dixit Dominus (RV 594)
Dixit Dominus di Praga (RV 595)
Confitebor tibi Domine (RV 586)
Beatus vir (RV 597)
Beatus vir (RV 598)
Beatus vir (RV 599)
Laudate pueri Dominum (RV 600)
Laudate pueri Dominum (RV 601)
Laudate pueri Dominum (RV 602)
Laudate pueri Dominum (RV 602a)
Laudate pueri Dominum (RV 603)
In exitu Israel (RV 604)
Credidi propter quod (RV 605)
Laudate Dominum (RV 606)
Laetatus sum (RV 607)
Nisi Dominus (RV 608)
Lauda Jerusalem (RV 609)
Magnificat (RV 610)
Magnificat (RV 610a)
Magnificat (RV 610b)
Magnificat (RV 611)
Deus tuorum militum (RV 612)
Gaude Mater Ecclesia (RV 613)
Laudate Dominum omnes gentes (RV 614)
Regina coeli (RV 615)
Salve Regina (RV 616)
Salve Regina (RV 617)
Salve Regina (RV 618)
Salve Regina (RV 619)
Sanctorum meritis (RV 620)
Stabat Mater (RV 621)
Te Deum (RV 622)
Ascende laeta (RV 635)
Canta in prato (RV 636)
Cur sagittas (RV 637)
Filiae mestae (RV 638)
Jubilate o amaeni (RV 639)
Jubilate o amaeni (RV 639a)
Longe mala umbrae terrores (RV 640)
Non in pratis (RV 641)
Ostro picta (RV 642)

Oratórias
Moyses Deus Pharaonis
Juditha Triumphans devicta Holofernes Barbarie
L'adorazione delli tre re magi al bambino Gesu
 
Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=xR8mdrQDGQg

VITRY, PHILIPPE DE


Philippe de Vitry (Vitry-en-Artois ?, 31 de outubro de 1291 — Meaux, 9 de junho de 1361), Bispo de Meux, foi um compositor, matemático, diplomata, militar, musicólogo, filósofo e poeta francês. Foi um pioneiro da Ars Nova e uma das figuras de proa da música europeia da Idade Média.

Pouco se sabe sobre sua vida em detalhe. É possível que tenha estudado música na Escola de Notre-Dame. Tornou-se um distinguido conselheiro e secretário da corte francesa, servindo três reis, Carlos IV, Filipe VI e João II. Possivelmente devido a estas ligações ele foi indicado cônego em várias dioceses, incluindo as de Clermont, Beauvais e Paris. Também trabalhou para os papas de Avinhão. Além disso foi diplomata e militar, tendo participado no cerco de Aiguillon em 1346. Em 1351 foi feito Bispo de Meux.

Foi louvado por toda a sua geração como um dos maiores músicos e teóricos da época, sendo um assíduo correspondente de Petrarca, que disse ele ser o melhor poeta da França, e amigo de Nicole Oresme, célebre matemático e musicólogo. Escreveu o tratado Ars Nova Musicae (c. 1320), que deu o nome ao estilo musical do século XIV, em parte uma glosa do trabalho Plana Musica de Johannes de Garlândia, tratando dos intervalos, géneros, proporções, monocórdio, solmização, música ficta e da notação mensural mais moderna da sua época, defendendo a adopção livre do ritmo binário, codificando os modos rítmicos e estabelecendo a mínima como unidade de medida básica. Descreveu a isorritmia e aplicou-a ao moteto, consolidando a forma do moteto isorrítmico, da qual foi um dos pioneiros e um dos mais insignes praticantes. A maioria das fontes posteriores referem Vitry como o inventor do sistema Ars Nova, e ele foi possivelmente o seu mais activo defensor. Apesar de ser conhecido como um compositor prolífico, poucas obras suas sobreviveram, apenas um punhado de motetos sobre seus próprios poemas, que se encontram no Roman de Fauvel e no Codex de Ivrea. Apesar desse escasso testemunho, é o bastante para apontá-lo como um compositor altamente dotado e original, e um poeta igualmente qualificado.

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=JtoYzKX-e2A

quarta-feira, 24 de março de 2010

VIOTTI, GIOVANNI

Giovanni Battista Viotti (12 de maio de 1755 - 3 de Março 1824) foi um violinista italiano cujo virtuosismo era famoso e cujo trabalho como compositor apresentava o violino  proeminente melodioso e atraente lírico. Foi também director de companhias de ópera francesa e italiana em Paris e Londres.

Viotti nasceu em Fontanetto Po, no Reino Savoia da Sardenha (hoje província de Vercelli, Piemonte, Itália). Pelo seu talento musical, foi levado para o lar do Príncipe Alfonso dal Pozzo della Cisterna, em Turim, onde recebeu uma educação musical que o preparou para ser aluno de Gaetano Pugnani. Serviu na corte de Savoia, em Turim, 1773-80, em seguida, fez uma turnê como solista, em primeiro lugar com Pugnani, antes de ir sozinho para Paris, onde fez sua estréia no Spirituel Concert, 17 de março de 1782. Serviu por um tempo em Versalhes, antes de fundar uma nova ópera, o Théâtre de Monsieur em 1788, sob o patrocínio do conde d'Artois, irmão do rei, que montou óperas do seu amigo Luigi Cherubini, entre luzes menores. Quando a Revolução Francesa deu uma virada radical e, apesar da sua casa de ópera ter sido rebatizada de Feydeau Théâtre, as conexões à realeza tornaram-se uma responsabilidade perigosa, ele mudou-se para Londres em 1792, fazendo sua estreia em Hanover Johann Peter Salomon's Square Concert, 7 de fevereiro de 1793. Em Londres,  foi de sucesso em sucesso, como um violinista em destaque na série de concertos Salomon, 1793-1794; como director musical  da nova Opera Concerts, em 1795, como uma estrela em benefício para os concertos de Haydn, 1794 e 1795, como gerente de qualidade da ópera italiana no King's Theatre, 1794-1795, e como líder e director de orquestra, 1797. Foi convidado para se apresentar nas casas de bon ton de Londres, incluindo para o Príncipe de Gales.

Então, com a Inglaterra em guerra com a França Revolucionária, ele foi obrigado a deixar o país, sob suspeita de simpatias jacobinistas. Mais tarde, voltou a Paris e Londres, mas desistiu de dar concertos para se dedicar ao negócio do vinho. Em 1813 foi um dos fundadores da Sociedade Filarmónica de Londres. O negócio de vinho falhou, porém, e ele voltou a Paris para trabalhar como director da Académie Royale de Musique, 1819-1821. Morreu durante uma visita a amigos em Londres.

Apesar dos seus poucos alunos directos, Viotti foi um violinista muito influente. Professor de Pierre Rode e Baillot Pierre e uma influência importante em Rodolphe Kreutzer, os quais se tornaram notáveis professores, ele é considerado o fundador da escola de violino do século XIX francês. Também ensinou August Duranowski, que foi uma influência sobre a Niccolò Paganini.

Viotti possuíu um violino fabricado por Antonio Stradivari em 1709 que viria a ser conhecido como o Stradivarius Viotti. Também é lembrado por ter encomendado a construção de pelo menos uma réplica do violino. O ex-Bruce Viotti, rebatizado em homenagem ao seu anterior proprietário, foi comprado pela Royal Academy of Music, em setembro de 2005. O financiamento foi fornecido pelo Governo Britânico em lugar do Imposto sobre Herança e pelo National Art Collections Fund, o National Heritage Memorial Fund e muitos doadores privados. O instrumento será exibido no Colecções York Gate, museu livre da Academia e centro de investigação. O ex-Viotti Bruce será ouvido, bem como visto: o instrumento será tocado com moderação, em condições muito controladas, em eventos de pesquisa e apresentações ocasionais noutro lugar.
As composições de Viotti mais notáveis são os seus vinte e nove concertos para violino, que foram uma influência sobre Ludwig van Beethoven. Uma em particular, n º 22 em lá menor (1792), ainda é realizada com freqüência, especialmente pelos  alunos mais evoluídos. Os outros concertos são de qualidade semelhante, mas quase nunca ouvidos, no entanto, em 2005, violinista Franco Mezzena lançou um conjunto integral no rótulo Dynamic Italy.

A música de Viotti em geral apresenta o violino em destaque: a maioria dos seus quartetos de cordas em grande parte ignora a textura equilibrada pioneira de Haydn, dando um "solo" papel de primeiro violino e, como tal, pode ser considerado Quatuors Brillants. No entanto, a sua Tre Quartetti Concertanti, G.112, 113 e 114 (depois de Remo Giazotto que catalogou as obras de Viotti), composto em 1815 e publicado em Paris em 1817, são verdadeiras obras concertantes oferecendo solos extensos para cada instrumento e não apenas para o primeiro violino. Viotti frequentemente escreveu música de câmara para combinações mais tradicionais, como os dois violinos e violoncelo. O Opp.18 e 19 são talvez os mais conhecidos destes e ainda nos dias de hoje. Também escreveu sonatas, canções e outras obras.

OBRAS

Musica vocale per Soprano e Pianoforte
Au fond d’une sombre vallée, cantata, WVII:1, L. 1804, F-Pc (F-Pn);

Gli Zingarelli, Aria «composée pour Mad.me [Elisabeth Vigée] Lebrun», WVII:2, L. 1802, F-Pc;
Les Souvernirs (Assis auprès d’une fontaine), Aria, WVII:3, P. 1784; L. May 1803, F-Pc;
Privez l’amour, Aria, WVII:4, L. 1817, F-Pc;
C’est la verdure (?S. Segur), romanza, WVII:5, F-Pc;
Dis moi ce que j’éprouve (E. Vigée-Lebrun), romance, WVII:6, 1802, F-Pc;
Vo triste tacito, dedicata a M. Chinnery, canzonetta, WVII:7, Gilwell House 5 Dec. 1804, F-Pc;
Nous nous croyons heureux, Aria, WVII:8, P. 1814, F-Pc;
O cara semplicità, Aria, WVII:9, L. 1812, F-Pc;
Stanco di pascolar, Aria, WVII:10, L. [?], F-Pc;
J’amais, j’étois aimé, Aria, WVII:11, F-Pc;
Ah, rammenta, o bella, Aria, WVII:12, L. 1804, F-Pc;
Che gioia che contento, Aria polacca (adatt. del V.-Konz. WI:2, III mov. per Le nozze di Dorina di Sarti), WVII:1a, P. 1791;
Consola, amato bene, Aria (adatt. del V.-Konz. WI:3, III mov. per Una cosa rara di Martin y Soler), WVII:2a, [ca. 1791], F-Pc.

Musica strumentale
Opere orchestrali
Sinfonie concertanti
Ie symphonie concertante, F/Fa maggiore 2 V., 2 Ob. u. 2 Hn. ad lib., Str., WI:30, P. 1787;
IIe symphonie concertante, B/Si bemolle maggiore 2 V., Fl., 2 Ob. u. 2 Hn. ad lib., Str., WI:31, P. 1788;
Concertante... arrangé sur le 3me concerto de violon, A/La maggiore 2 Fl., Str., 2 Ob., 2Hn. (adatt. del V.-Konz. WI:3), WIa:19, P. ca. 1788.

Concerti per violino e orchestra
WI:1, in Do maggiore, P. 1782;
WI:2, E/Mi maggiore, dedicato a L.-A.-C. Rohan-Guémenée, P. 1782;
WI:3, A/La maggiore, Bln. 1781; mit neue II mov., P. 1782;
WI:4, D/Re maggiore, P. 1782;
WI:5, C/Do maggiore, P. 1782;
WI:6, E/Mi maggiore, P. 1782;
WI:7, B/Si bemolle maggiore, dedicato a M. Soltikov, P. ca. 1783-86;
WI:8, D/Re maggiore, P. ca. 1783-86;
WI:9, A/La maggiore, P. ca. 1783-86;
WI:10, B/Si bemolle maggiore, P. ca. 1783-86;
WI:11, A/La maggiore, P. 1787;
WI:12, B/Si bemolle maggiore, P. 1787-88;
WI:13, A/La maggiore, P. 1788;
WI:14, a/La minore, P. ca. 1788-89;
WI:15, B/Si bemolle maggiore, P. ca. 1788-89;
WI:16, e/Mi minore, P. ca. 1789-90 [Mozart scrisse parti di timpani e trombe per il I e III mov., k470a];
WI:17, d/Re minore, P. ca. 1790-91;
WI:18, e/Mi minore, P. ca. 1790-93;
WI:19, g/Sol minore, P. 1791; rev. di Viotti, P. 1818;
WI:20, D/Re maggiore, [ca. 1792-95] L. 1795;
WI:21, E/Mi maggiore, [ca. 1792-97] P. ca. 1802;
WI:22, a/La minore, [ca. 1793-97] P. ca. 1803;
WI:23, g/Sol minore, [ca. 1793-94] P. ca. 1804;
WI:24, h/Si minore, [ca. 1793-97] P. ca. 1805;
WI:25, a/La minore, [ca. 1795-96] P. ca. 1806;
WI:26, B/Si bemolle maggiore, [ca. 1793-97] P. ca. 1808;
WI:27, C/Do maggiore, dedicato al duca di Cambridge, [ca. 1794-96] P. ca. 1815;
WI:28, a/La minore, dedicato a J.-A.-B. Law, [ca. 1803-12] P. ca. 1823;
WI:29, e/Mi minore, dedicato a W. B. e M. Chinnery,[ca. 1801-17] P. ca. 1824.

Concerti per violoncello e orchestra
Concerto per violoncello con violini, viola, oboe, corni et basso, C/Do maggiore, WId:1, I-Fc (duefelhalft) [Flz., hrsg. von I. Gomez, 1968].
Concerti per flauto e orchestra (Adattamento dai concerti per violino)
Concerto de J. B. Viotti arrangé pour la flûte... par C. Fuerstenau, e/Mi minore, (V.-Konz. WI:16), WIa:17, Offenbach 1802;
Nouveau concerto de J. B. Viotti arrangé pour la flûte... par C. Devienne, G (V.-Konz. WI:23), WIa:18, Offenbach 1804.
Concerti per pianoforte e orchestra (Adattamento dai concerti per violino)
adatt. di M.me de Montgéroult del WI:6 = WIa:1, Es/Mi bemolle maggiore, P. 1787;
adatt. L. W. Lachnith del WI:10 = WIa:2, B/Si bemolle maggiore, P. 1787; 1789;
adatt. di T. Latour del WI:9 = WIa:3, A/La maggiore, P. ca. 1788-89; 1796;
Konzert No.4 (mancante), WIa:4, P. ca. 1790;
adatt. di J. L. Dussek del WI:13 = WIa:5, A/La maggiore P. 1791;
adatt. di L. Adam del WI:17 = WIa:6, d/Re minore, P. ca. 1792;
adatt. di J. L. Dussek del WI:23 = WIa:7, G/Sol maggiore, L. ca. 1795-96;
adatt. di I. Hüllmandel del WI:20, II mov. = WIa:8, D/Re maggiore, L. 1795;
adatt. di D. Steibelt del WI:19 = WIa:9, g/Sol minore, P. ca. 1797;
adatt. di J. L. Dussek del WI:25 = WIa:10, A/La maggiore L. 1796;
adatt. di I. Hüllmandel del WI:10, I mov.; WI:14, II mov.; WI:12, III mov. = WIa:11, G/Sol maggiore, L. 1803;
adatt. di N. Isouard del WI:21 = WIa:12, E/Mi maggiore, P. u. L. ca. 1803;
adatt. di J. B. Cramer del WI:27 = WIa:13, C/Do maggiore, L. 1813;
adatt. di Viotti del WI:24, I u. III mov. = WIa:14, h/Si minore, F-Pc (1801);
adatt. di D. Steibelt del WI:130 = WIa:15, F/Fa maggiore P. ca. 1790;
adatt. di Viotti del WI:31, I u. III mov., WIV:24, II mov. = WIa:16, B/Si bemolle maggiore F-Pc;
adatt. di L. W. Lachnith del WI:3, I u. III mov. = WIa:20, A/La maggiore P. ca. 1782-86.

Musica da camera
Quartetti per due violini, viola e violoncello
Six quatuors concertants... dédiés a son Altesse Royale Madame La Princesse de Prusse, A, C, Es, B, Es, E, op.1, WII:1-6, P. 1783-85;
Six quatuors concertants..., A, C, F, B, Es, E, op.3, WII:7-12, P. 1782-86;
Trois quatuors concertans... Dédiés à son frère A.[ndré] Viotti, F, B, G, WII:13-15, P. 1817;
Three Quartetts... Dedicated to Philip Cipriani, F./V., V., Va., Vc, b, c, Es, op.22, WII:16-18, L. 1801-06;
Six quatuors d’airs connus, dialogués et variés..., op.23, WIId:1-6, [ca. 1794-1802];
Quatuor..., g, adatt. del V.-Konz. WI:19 = WIIa:1, P. ca. 1816;
Quatuor..., e, adatt. del V.-Konz. WI:18 = WIIa:2, P. ca. 1818;
Trois Quatuors... 2me livre, adatt. del WIV:22-24 = WIIa:3-5, Leipzig 1809.

Trii per due violini e violoncello
Six trios concertans... dédiés au Célèbre Pugnani, A, E, C, G, B, A, op.2, WIII:1-6, P. 1783-86;
Three Trios..., dedicati a J. Ch. Hankley, A, d, D, WIII:7-9, L. 1796;
Trois trios..., Es, g, D, op.16, WIII:10-12, P. ca. 1801-02;
Trois trios..., A, E, G, op.17, WIII:13-15, P. ca. 1802;
Trois trios..., b, D, B, op.18, WIII:16-18, P. 1804;
Trois trios..., B, a, E, op.19, WIII:19-21, P. ca. 1808.
Duetti per due violini
Six duos concertans..., Ier liv., Es, B, E, D, C, A, WIV:1-6, P. 1789;
Six duos concertans..., 2e livre, B, C, G, D, a, D, WIV:7-12, P. ca. 1789-90;
Six duos faciles..., 3e livre, C, G, D, F, c, B, WIV:13-18, P. ca. 1796;
Six duos concertans..., A, e, B, f, C, E, op.5, dedicati a W. B. e M. Chinnery, WIV:19-24, [ca. 1797-98] Hamburg 1799;
Trois duos..., C, A, F, op.18, dedicati a J. Ch. Hankey, WIV:25-27, P. u. L. 1803;
Hommage à l’amitié. Three Duetts Concertante..., B, g, E, dedicati a J. Cary, WIV:28-30, L. ca. 1803;
Three Duets Serenatas..., Book 1-2, A, D, G, Es, G, a, op.23, dedicati al duca di Cambridge, WIV:31-36, L. ca. 1804;
Trois duos concertans..., adatt. del WIII:7 = WIVa: 3; WIII:8 = WIVa:2; WIII:9 = WIVa:1, P., ca. 1796-97;
Six Duets Concertanti..., adatt. del WIV:37-42 = WIVa:4-9, L. ca. 1800;
Trois duos pour deux violons... op. 19, adatt. del WII:16-18 = WIVa:10-12, P. ca. 1806-07;
Trois grands duos concertans... op. 20, adatt. del WIII:13-15 = WIVa:13-15, P. ca. 1809;
Trois grands duos concertans... op. 21, adatt. del WIII:16-18 = WIVa:16-18, P. ca. 1809;
Trois grands duos concertans... op. 22, adatt. del WIII:19-21 = WIVa:19-21, P. ca. 1812-13.

Duetti per due violoncelli
Six Duets Concertanti..., D, A, c, a, G, E, op.6, Book. 1-2, dedicati a J. Crosdill, WIV:37-42, L. ca. 1798-99.

Opere per violino
Six sonates pour violon et basse, E, A, D, B, E, B, op.4, WV:1-6, P. ca. 1788;
Six sonates..., IIe livre, A, E, B, E, G, c, WV:7-12, P. ca. 1789-92;
Trois nouvelles sonates..., 3e livre, e B, A, WV:13-15, P. ca. 1809-16;
Recueils d’airs connus et variés..., WV:16-18, P. ca. 1788; «Arietino l’Amico», B, Arietta perV. u. Kl., WV:22, F-Pc;
Duetto a un violino solo... per il suo amico Cherubini, WV:23, P. 15 March 1821, US-NYpm;
Per rimediar la colpa, V. solo u. Kl., E, WV:24, F-Pc;
Trois divertissemens... dédiés à son ami L. Duport, V. u. Kl., adatt. del WV:19-21 = WVa:7-9, P. ca. 1818, F-Pc;
Andante et rondo..., V. u. Kl., adatt. del WI:19 = WVa:16, P. ca. 1823, F-Pc.

Opere per violoncello
Trois divertissemens..., Vc. u. Kl., a, F, D, dedicati a J.-L. Duport, WV:19-21, P. ca. 1818.

Opere per tastiera
Trois sonates..., Kl., V. u. Vc., B, G, Es, dedicate a E. Marshall, op.15, WVI:1-3, P. ca. 1801-02;
Three Sonatinas..., Kl., V. u. Vc., C, B, Es, op.7, WVI:4-6, L. ca. 1802;
Serenata. Chi sa se non divertirà La Padrona!, Kl., V. obbl., Vc., WVI:7, F-Pc;
Sonate..., Kl., V. u. Vc.,, B, WVI:8, P. ca. 1791-92.

Altre opere
Grand Sonata for Harp with Accompaniment for a Violin (ad libitum), B, dedicata a S. Dunmore, WVI:9, L. 1811; Suite in D, Str., WVIII:1, F-Pc [V. u. Vc. parts complete, II V. u. II Vc. incomplete];
Due Canoni, 2 V.? u.. Kl., WVIII:2, F-Pc;
frammenti autografi e ms. incompleti in F-Pc;
Meditazione in preghiera, Vl. u. Orch., [?].
 
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