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terça-feira, 23 de março de 2010

VIANA DA MOTA, JOSÉ

José Viana da Mota (São Tomé, São Tomé e Príncipe, 22 de Abril de 1868 — Lisboa, 1 de Junho de 1948) foi um pianista e compositor português.
Estudou no Conservatório de Lisboa, sendo os estudos patrocinados pelo rei D. Fernando e a Condessa de Edla. Em 1882 parte para Berlim onde, custeado pelos reis mecenas, continua durante três anos os estudos de piano e composição.
Em 1885 parte para Weimar onde é aluno de Franz Liszt, que mais tarde lhe oferece uma fotografia com a dedicatória: "A José Viana da Mota, saudando os seus futuros sucessos. Fr. Liszt".
Dá concertos nos Estados Unidos, Paris, Inglaterra, Espanha, Itália, Dinamarca, Lisboa e Porto, Brasil, Argentina numa série de recitais que são outros tantos triunfos.
Durante a Primeira Guerra Mundial foi director do Conservatório de Genebra. Em 1917 regressa a Portugal onde foi director do Conservatório Nacional de Lisboa, de 1918 a 1938.
Entre as sua composições mais conhecidas está a sinfonia "À Pátria", e as obras "Evocação dos Lusíadas", "Cenas da Montanha" entre outras.
Faleceu em 1948, em Lisboa, tendo vivido os últimos anos da sua vida na residência de sua filha Inês Viana da Mota e do seu genro, o psiquiatra Barahona Fernandes.

José Viana da Mota desde cedo revelou a sua grande proficiência para a música e particularmente para o piano.
Com 14 anos de idade concluiu os estudos no Conservatório Nacional. No mesmo ano (1882), partiu para Berlim, com os seus estudos financiados pelo rei D. Fernando e pela Condessa de Edla que nele apostaram depois de o ouvir tocar. Em Berlim estudou com Xaver Scharwenka (piano) e com Philipp Scharwenka (composição). A sua primeira apresentação, no mesmo local, data de 1885 e foi um inegável êxito. Na mesma cidade, teve também aulas com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana. Em 1884 já Viana da Mota descobrira o encanto de Wagner, em Bayreuth.Tornou-se então membro da mesma Sociedade, e foi fiel a Wagner até ao fim da sua vida.
Em 1885, devido ao desejo de trabalhar com Liszt, parte para Weimar e foi um dos seus últimos alunos.
Dois anos depois, em Frankfurt, trabalhou com Hans Von Bullow, que o considerou um dos mais brilhantes discípulos de Liszt.
Fixou residência em Berlim e apresentou-se em várias cidades alemãs. Rússia, Paris, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Itália, Dinamarca, Brasil, Argentina, foram cidades/países que presenciaram as suas actuações. Em 1893, no mês de Abril, fez a sua primeira grande digressão em Portugal.
O público e a crítica sempre o aplaudiram e distinguiram a sua técnica, clareza, expressão, o rigor das suas interpretações dos mestres clássicos.
Foi considerado um brilhante intérprete de Liszt, Bach e Beethoven. A ele devemos a primeira apresentação da audição integral das 32 Sonatas para piano de Beethoven.
Anos antes de regressar definitivamente a Portugal, ao eclodir a 1ª Guerra Mundial, Viana da Mota fixa-se em Genebra. Nesta cidade foi professor de virtuosismo na Escola Superior de Música de Genebra.
Já em Portugal, manteve a sua actividade como pianista até 1945 a par com a sua acção pedagógica.
Fundou a Sociedade de Concertos, da qual foi o primeiro director artístico, em 1917.
Foi director do Conservatório Nacional de Lisboa entre 1918 e 1938.
Director musical da Orquestra Sinfónica de Lisboa entre 1918 e 1920.

Em 1919 reforma o ensino da música com a colaboração de Luís de Freitas Branco, modernizando os programas e os métodos pedagógicos.
Publicou assiduamente artigos sobre a técnica e interpretação pianísticas, assim como estudos acerca da música de Wagner e Liszt.
Exerceu a crítica musical e publicou artigos para revistas especializadas alemãs e portuguesas.
Foi professor, entre outros, de pianistas como: José Carlos Sequeira Costa, Luiz Costa, Maria Helena Sá e Costa, Maria Cristina Lino Pimentel, Marie Antoinette Aussenac, Nella Maissa e Maria da Graça Amado da Cunha, assim como do compositor Fernando Lopes-Graça.
Escreveu ainda:
"Nachtrag zu Studiem bei Hans von Büllow von Theodor Peiffer" (Berlim, 1896; do qual existe tradução inglesa); "Pensamentos extraídos das obras de Luís de Camões" (Porto, Renascença Portuguesa, 1919);
"Vida de Liszt" (Porto, Edições Lopes da Silva, 1945);
"Música e músicos alemães", 2 vols. Coimbra: Coimbra Editora, 1947).

Viana da Mota abandonou quase por completo a composição a partir de 1908 talvez por discordar das novas tendências modernistas que vingavam por toda a Europa.
A sinfonia "À Pátria" é por muitos considerada a obra prima do compositor. Foi a primeira a merecer as honras de impressão no nosso país. É inspirada em versos de Camões e segue o modelo formal clássico das sinfonias de Beethoven: quatro andamentos. No terceiro o compositor utiliza duas canções populares portuguesas.

Dada a versatilidade e a profundidade da sua cultura, Viana da Mota personificou em alto grau o ideal de "músico completo" que Liszt preconizou na sua directriz pedagógica. Assim se explicará também a razão dos diversos campos da sua actividade: pianista, pedagogo, compositor, musicógrafo, conferencista e regente de orquestra; tendo sido predestinado, no entanto, para o de virtuoso de piano, ele destacou-se no quadro dos renomeados pianistas da sua época (foi amigo e colaborador de Ferruccio Busoni, entre muitos outros). Em 1885 frequentou em Weimar o último curso de verão dado por Liszt, do qual recebeu por escrito os melhores votos para a sua grande carreira, e foi o aluno dilecto de Hans von Bülow nos cursos de Frankfurt a. M. em 1887.

José Viana da Mota tocou por toda a Europa, Américas do Norte e do Sul, perante reis e imperadores, recebeu altas condecorações e na Alemanha foi-lhe concedido o título de "Hofpianist" (pianista da Corte) por Carlos Eduardo de Saxe-Coburgo-Gota.

Conquanto Viana da Mota tenha ficado sempre bem português e tenha marcado por todo o mundo a presença de Portugal, já através de si próprio, já através das suas composições e de outros compositores portugueses, como por exemplo de João Domingos Bomtempo, ele foi um afincado divulgador da cultura alemã e incorpora o fenómeno mais flagrante de simbiose das duas culturas ou seja: ele representa a ponte por excelência da cultura luso-alemã (especialmente na sua considerável obra de "Lied', em que musicou diversos poetas alemães!). Houve quem lhe chamasse "o português mais patriota e o alemão missionário".

Obrigado pela Primeira Guerra Mundial a abandonar a sua residência de Berlim em 1914, aceitou finalmente o convite para a regência da classe de virtuosismo de piano do Conservatório de Genebra em 1915. Em 1917 regressou definitivamente a Lisboa, fundou a Sociedade de Concertos e realizou o seu objectivo de proceder à reforma do Conservatório Nacional de Lisboa, assumindo o cargo de director desta instituição de 1919 a 1938. A sua orientação pedagógica operou uma completa viragem no nível técnico/artístico e na intelectualidade do meio musical lisbonense. Fez inúmeras primeiras audições de obras há muito consagradas, como a integral das 32 sonatas de Beethoven no centenário da sua morte em 1927 (cuja receita reverteu a favor dos alunos pobres do Conservatório, tendo instituído o prémio Beethoven) e, também, de compositores seus contemporâneos.

Como compositor, cuja actividade se confinou ao período da sua vida com residência em Berlim, José Viana da Mota foi importante para a História da Música em Portugal no âmbito da "música de concerto", por lhe caber o mérito da primeira procura e criação consciente de "música culta" de carácter nacional. São disso testemunho a sua obra mais relevante a Sinfonia "À Pátria" (que apresenta também a inovação entre nós do conceito lisztiano de música programática e em que, ao que parece, um compositor português usa pela primeira vez numa sinfonia, temas genuínos do folclore do nosso país), as suas composições pianísticas, as suas canções para canto e piano.

Sem dúvida, das personagens mais versáteis do mundo da música portuguesa na primeira metade do século XX. Exemplar na sua capacidade de trabalho e perseverança, no domínio absoluto da técnica pianística, no equilíbrio da forma e do conteúdo. Intérprete excepcional, notável pedagogo, admirável compositor…mas terá recebido sempre o valor que merece?

Como tantos outros artistas portugueses dos maiores, Viana da Mota foi uma vítima da incompreensão, da maldade e da pequenez de um meio com o qual a sua invulgar estatura não podia ter medida comum. Negaram-lhe o talento, disputaram-lhe a glória, moveram-lhe campanhas ultrajantes, dificultaram-lhe a vida, regatearam misérias nos seus modestos cachets de concertista, esforçaram-se por fazer cair sobre o seu nome e a sua obra a pedra vil do esquecimento, deixaram-no morrer num isolamento e numa solidão terríveis, e mesmo depois de morto se procurou evitar que a sua vera fisionomia de artista e de intelectual pudesse ser revelada em toda a sua luz.

Para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=fYANlubAxSs&feature=PlayList&p=824850922BF34200&playnext=1&playnext_from=PL&index=3

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